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A Mulher Descoberta: Como seria estar presente no dia da sua morte?

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Você já imaginou como seria se pudesse estar presente no dia da sua morte?

Por Gaby Lara e Assessoria

No último final de semana, pelo Fringe, esteve em cartaz A Mulher Descoberta, no Teatro Cena Hum.

“A Mulher Descoberta”, é um monólogo curto de uma hora de duração, que faz da plateia testemunha da experiência hipotética e inusitada vivida pela protagonista: morrer e presenciar as reações do marido, Márcio, nas primeiras horas pós-morte.

Como seria se você pudesse estar presente no primeiro dia da sua morte, revendo a vida vivida, seu corpo, seus desejos, suas escolhas? E se a pessoa que você compartilhou a vida te encontrasse e passasse sozinha com você esse tempo da descoberta da sua morte? Como seria? Será a morte a única ou última chave para a liberdade de um aprisionamento? Como você contaria essa história?

No monólogo “A mulher descoberta”, conhecemos a relação do casal e a participação de Márcio no casamento, sempre demonstrando ser um marido preocupado e carinhoso. Mesmo depois de 39 anos de casados, ele segue a rotina de acordar sua mulher toda dia abrindo as cortinas com muito cuidado, servindo um café quente e dando um beijo no rosto de sua mulher. Porém, em determinada manhã, esse hábito será quebrado para sempre. O fato é narrado pela mulher, que observa as reações e atitudes de Márcio a partir daquele momento. Ao mesmo tempo em que apresenta ao público as intimidades da relação, ela faz um balanço dos 39 anos de convivência. O resultado é um convite ao público para refletir a respeito das forças, alegrias, fragilidades e desencantos existentes nas relações humanas.

No relato visceral dessa experiência, a personagem conta sua história de um ponto de vista pós-morte, ela compartilha com o público os caminhos percorridos pelo casal até aquele derradeiro encontro. A narrativa, descrita sob lente feminina, envolve a plateia numa atmosfera de empatia e cumplicidade, com um depoimento extremamente verdadeiro e arquetípico de situações e sentimentos comuns a qualquer casal que vive um longo relacionamento.

Com um desdobramento surpreendente, esse caminho deságua na explosão de desejos contidos e inconfessáveis e de tomadas de decisões que permeiam um “morrer em vida”, um descobrir-se após uma revisão do que se viveu, tangenciando com as mais diversas relações íntimas que travamos ao longo da vida.

A montagem compartilha com os espectadores a pesquisa de uma linguagem física, explorada a cada gesto, a cada silêncio, por Ana Amelia Vianna e Adriana Karla, procurando despertar uma identificação com o corpo vivo, real. Temos em cena um corpo maduro, de uma atriz de 55 anos, que se entrega na descoberta de suas possibilidades de expressão para além da palavra e de forma visceral.

O dramaturgo Walter Macedo Filho reconhece que os conceitos e pensamentos do diretor Antunes Filho em torno do fazer teatral exercem grande influência em suas criações. “Foram mais de duas décadas de convivência entre mestre e discípulo e três anos de trabalho intenso no Círculo de Dramaturgia do Centro de Pesquisa Teatral. Como resultado dessa parceria, o autor e diretor de A Mulher Descoberta cultiva esse profundo respeito pelo trabalho do ator”, conclui.

“Estar em cena com ‘A Mulher Descoberta’ me faz olhar para a minha trajetória de vida, ajustar rumos, buscar cada vez mais autenticidade e me compreender enquanto corpo que envelhece sim, mas que pulsa vida nesse processo, e descobre o que é ser na própria pele …”, revela Adriana Karla.

A “Cia Tarja Preta” é formada pelo trio de artistas Walter Macedo Filho; Adriana Karla Rodrigues e Ana Amélia Vianna e surgiu do desejo comum de ampliar as reflexões sobre arte e emaranhamentos com a saúde mental, como temas existencialistas, relações humanas, adoecimentos psíquicos, medicalização, relacionamentos tóxicos, morte e formas de estar no mundo.

Ficha Técnica:

Monólogo com Adriana Karla Rodrigues (@amulherdescoberta)

Texto e direção: Walter Macedo Filho (@waltermacedofilho)

Direção de movimento: Ana Amélia Vianna (@aameliavianna)

Fotografia Gui Maia

Luz, figurino e trilha sonora: Criação coletiva Cia Tarja Preta (@ciatarjapretadeteatro)

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