Curitiba
Hamlet contra o preconceito
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Por Gaby Lara e Assessoria
O Dia Mundial da Síndrome de Down é uma data de conscientização global para celebrar a vida das pessoas com a síndrome e para garantir que elas tenham as mesmas liberdades e oportunidades que todas as pessoas.
Oficialmente reconhecida pela ONU desde 2021, a data 21/03 não é escolhida ao acaso. Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, é a alteração genética causada por uma divisão celular atípica durante a divisão do embrião. As pessoas com a síndrome, em vez de dois cromossomos no par 21 (o menor cromossomo humano), têm três.
Daqui a uma semana, a peça Hamlet, abre o Festival de Curitiba com um elenco composto pela primeira vez por atores e atrizes do grupo peruano Teatro La Plaza, todos portadores da síndrome numa montagem na Mostra Lucia Camargo.
Chela Ferrari, diretora do espetáculo, explica que este ineditismo não é exclusividade do Festival de Curitiba. Dessa maneira, a peça tem fomentado o debate sobre inclusão e o combate a desinformação e preconceito quanto à condição das pessoas portadores da Trissomia 21.
Para a diretora, o que torna esta montagem especial é saber que os atores e atrizes atuam sem o apoio de pessoas neurotípicas. Por este motivo, na escolha do elenco, nenhuma das razões pelas quais um ator teria sido rejeitado foi levada em conta.
“Refiro-me a características como dificuldade de vocalização, problemas de dicção, gagueira pronunciada, tempos atrasados ou momentos em branco. Nos perguntamos se seria possível encontrar valor nessas características que as convenções definem a má atuação e encontrar outras formas de representá-la”, disse.
Chela acredita no poder transformador e usa a própria experiência para demonstrar. “Antes deste projeto, se me perguntassem se a Síndrome de Down deveria ser erradicada, provavelmente teria dito que sim. Hoje tenho a convicção de que o mundo é um lugar melhor porque existem pessoas com Síndrome de Down”, disse.
Foto: Teatro La Plaza