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Literatura

A IMPORTÂNCIA DA REPRESENTATIVIDADE NA LITERATURA

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Por Igor Horbach

Entrando em junho, o mês do orgulho LGBTQIA+, é claro que eu não poderia deixar de falar sobre. Infelizmente, o Brasil é líder em preconceito, não só contra pessoas da comunidade LGBTQIA+, como também contra pessoas negras, deficientes, de outras etnias e descendências e até mesmo com mulheres. O que torna obrigação em cada cidadão que é contra essas práticas pouco humanas, falar sobre isso, dar visibilidade, estudar, respeitar e principalmente, se colocar junto para lutar. Diversas vezes já ouvi que não deveríamos falar sobre o assunto para não nos expor ou colocar tudo em risco e por muito tempo acreditei que era o certo. E hoje, afirmo veemente que não é. Não é certo aceitarmos o preconceito, a homofobia, o racismo, a xenofobia, muito menos o machismo, em nenhuma esfera social, seja na macrocomunidade (trabalho, escola etc), nem na nossa micro comunidade (família e amigos). 

Mas o que a literatura tem a ver com isso? Tudo. Sabemos que é no âmbito escolar que moldamos e construímos indivíduos pensantes e que é através da literatura que aguçamos e aceleramos os conceitos e base social e filosófica, portanto é através dela também que devemos proporcionar a visibilidade do movimento. 

A literatura é capaz de demonstrar através das palavras, ficcionais ou não, a existência de outras realidades que muitas vezes são marginalizadas pela macrocomunidade. O fato de um casal hetero dominar as telas do cinema ou as festas em que frequentamos não quer dier que o contrario não exista e deve permanecer oculto. É pelo contrário. 

Estamos fartos de casais heteros na literatura ou de gays escrachados que aparecem apenas como “cota” e para ser diminuído pelo heterosexual. E os bissexuais? E os transsexuais? E os Intersexuais? Onde eles estão nisso tudo. Um exemplo incrível de representatividade sem clichê é a autora norte-americana Cassandra Clare (Os Instrumentos Mortais) que trabalha em suas narrativas, personagens LGBTQIA+ ficcionais baseados e inspirados em pessoas reais. Não precisamos mais de autores que reproduzem o mesmo estilo narrativo e de construção de arco de personagem (desenvolvimento) da maneira que eram feitos há 20,30 anos atrás. Para isso existem as reedições, pesquisa acadêmica, literatura clássica, livrarias etc. Precisamos de uma literatura viva e que mostra a atualidade. 

Beijo entre personagens de “Vingadores: A Cruzada das Crianças”, que incomodou o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella. / Crédito: Reprodução

É fato que estamos ganhando espaço lentamente na sociedade e na literatura. Hoje em dia com a Amazon aberta para autores independentes a tendência é encontrarmos mais dessas obras dominando as plataformas digitais. E quanto as grandes editoras que compõem o mercado? Em 2019 sofremos um ataque homofobico por parte das autoridades governamentais quando proibiram uma HQ com beijo gay na Bienal do Rio de Janeiro. E foi revolucionário o feito do youtuber Felipe Neto ao distribuir livros da temática. Muitas editoras se calaram sobre o ocorrido, enquanto outras se posicionaram firmemente e até procuraram expandir seu catalogo. É disso que precisamos. 

Ao contrario do que muitos pensam, não é alienação ou influencia negativa. É respeito, é identificação. Todos os dias temos pessoas nascendo e crescendo em uma sociedade com todos os tipos de seres humanos. Essas crianças precisam ser ensinadas a respeitar o outro e talvez uma das coisas mais importante: Conscientizadas da EXISTÊNCIA. Não é errado ser LGBTQIA+ e nem ensinar uma criança sobre isso. Errado é achar que está tudo bem todo esse preconceito imundo.

Para finalizar esse texto (que soa mais como um desabafo), trouxe indicações de livros que tratam da temática LGBTQIA+ como foco principal. 

  • Cartas para Jack (obvio, meu livro – Igor Horbach)
  • Com amor, Simon (Becky Albertalli) 
  • Will & Will (John Green)
  • Vermelho, branco e sangue azul (Casey Mcquiston)
  • Me chame pelo seu nome (André Aciman) 

Durante todo o mês de Junho, trarei a temática LGBTQIA+ e sempre mais indicações de livros sobre o gênero. Se você é autor/autora/autore de livros assim, me procure ou a redação do jornal para que eles possam entrar nessa listinha quinzenal e assim expandirmos ainda mais a representatividade através da leitura. 

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