Teatro
Solo dos Mares e a Revolta dos Meninos Homens de Uma Nação Suspensa
A partir da ideia central de uma narrativa sobre a história de vida e luta de João Cândido Felisberto, o herói injustiçado do Brasil, durante a Revolta da Chibata, a Cia. Nossa Senhora do Teatro Contemporâneo apresenta o espetáculo SOLO DOS MARES E A REVOLTA DOS MENINOS HOMENS DE UMA NAÇÃO SUSPENSA.
Solo dos Mares vai participar do Festival de Curitiba, na Mostra de Conteúdos Digitais Pandêmicos, e será exibida no CINE PASSEIO na Sala Valêncio Xavier, nos dias: 30/03, às 15 horas, 02/04 e 08/04, às 18:30. As sessões contarão com um intérprete de Libras.
O espetáculo que teve sua estreia no dia 10/12/2020, no TeatroLala, com transmissão ao vivo, e marca também a comemoração dos 40 nos de vida artística do artista Isidoro Diniz. Essa nova produção marca a primeira parceria entre a Isidoro e o dramaturgo, pesquisador da cultura afro- brasileira e teatro negro brasileiro, Salloma Salomão que, junto a professora doutora Ione Jovino, criaram a dramaturgia do espetáculo.
Vale ressaltar também, que SOLO DOS MARES é o espetáculo de estreia do ator mineiro Pedro Ramires que deu vida de maneira extraordinária ao personagem, tem a direção de Isidoro Diniz e Kátia Drumond e trilha original composta por Ricardo Verocai
Em meio a pandemia de covid 19, com ensaios realizados virtualmente e com a presença de poucos integrantes por ensaio, o espetáculo evidencia a invisibilidade dos nossos heróis pretos, como João Cândido, que foi um líder nacional conhecido, mas não reverenciado.
Legado ao ostracismo e a uma vida penosa, tendo sua representatividade retirada da história. Através de um “solo manifesto” serão narradas situações cotidianas apresentando o racismo estrutural que persiste até os dias atuais com tantos outros líderes nacionais, apontando também outras personalidades que não foram reverenciadas, como: Machado de Assis, Clóvis Moura, Carolina de Jesus, Grande Otelo, Clementina de Jesus, Abdias Nascimento, Irmãos Rebouças, entre tantos outros.
Ao mesmo tempo, a ideia é traçar um paralelo entre a história do João Cândido Felisberto com a história do Benedito Izidoro Diniz e criar um elo entre o João, que se tornou marinheiro e nasceu em1880, em uma fazenda no interior do Rio Grande do Sul e o Benedito, que se tornou artista e nasceu em 1958, em uma fazenda no interior do Paraná. Ambos homens de luta e resistência para superar todas as adversidades que a condição de pretos impõe.
Após sua liderança na Revolta da Chibata e a sua prisão, João Cândido foi perseguido como rebelde, punido e condenado pela instituição do estado, impedido de reconstruir sua vida com dignidade e poder usufruir da sua expertise para se tornar um grande homem da Marinha Mercante, com visibilidade, reconhecimento e prosperidade. Benedito passa por processo semelhante (e recorrente entre pessoas pretas) por conta do racismo estrutural, institucionalizado no país. No entanto, suas conquistas não impediram que ele não passasse pelo mesmo processo de exploração, segregação, discriminação e racismo que tantos Beneditos, Marias, tantos artistas como as atrizes Odelair Rodrigues e Geisa Costa, os compositores Lápis e Itamar Assumpção passaram e passam até os dias de hoje.
Assim, SOLO DOS MARES quer mostrar que após tantas revoltas e lutas e, apesar de muitas conquistas a longo prazo do movimento negro e de diferentes líderes da luta antirracista, ainda se continua no mesmo ponto de negação, pois os pretos não alçaram seu devido lugar através de sua valorização e reconhecimento que todos esses talentos merecem.
Nesse paralelo entre passado e presente, se evidencia a contemporaneidade do tema, para apresentar a força do racismo estrutural que até a atualidade oprime e impede a ascensão de pretos e pretas na sociedade, independente da atuação dessas personalidades e do espaço geográfico que atuam.
Este projeto foi realizado através do programa de Apoio de Incentivo à Cultura Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal da Cultura com incentivo do Ebanx.
Ficha Técnica:
Ator: Pedro Ramires
Direção e Pesquisa:
Isidoro Diniz e Kátia Drumond
Dramaturgia e Pesquisa: Salloma Salomão e Ione Jovino
Trilha Sonora Original: Ricardo Verocai
Iluminacção: Lucas Amado
Cenário: Rhenan Queiroz
Figurinos e Adereços: Cristine Conde
Pesquisa e Direção de Fotografia:
Pretícia Jerônimo
Registro em Vídeo: Luigi Castel
Direção de Arte, Design e Edição de Vídeo:
Ricardo Verocai
Operador de Som: Filipe Castro
Tradução em
Libras: Rhaulde Lemos Fotos: Kraw Penas
Direção de Produção: Bia Reiner
Produção Executiva: Carlos Roberto Barbosa
Realização: Cia. Nossa Senhora do Teatro Contemporâneo.