Interaja conosco

TV e Séries

Vale a pena o plano com anúncios da Netflix liberado recentemente?

Publicado

em

A Netflix foi pioneira no mercado de streaming quando se popularizou em 2010 no mundo e atingiu a marca de 50 milhões de assinantes em 2014. Atualmente, a empresa está em mais de 190 países e com aproximadamente 223 milhões de assinantes (para se ter ideia, esse número é quase a população do Brasil inteira). Contudo, após os avanços tecnológicos e o imenso sucesso da plataforma, outras produtoras de Hollywood seguiram a proposta e criaram seus próprios streamings. A exemplo da Amazon Prime Video, Globoplay, Star, Disney+ e HBO Max, sendo as principais concorrentes da Netflix. 

Com esse avanço e tendo tantos concorrentes, a Netflix se viu em um beco sem saída, uma vez que as produtoras estavam com plataformas próprias e redirecionando suas produções para elas, deixando o catálogo da Netflix muito raso. Para evitar um colapso, a gigante do streaming, como ainda é conhecida, precisou inovar e investir cada vez mais em produções próprias. Contudo, para quem entende de cinema, sabe que para se fazer um filme nos moldes hollywoodianos é necessário muitos milhões, além de todo o gasto publicitário para fazer com que as pessoas realmente assistam. Sendo assim, ao longo dos anos, os planos de assinatura da Netflix aumentaram seus custos drasticamente, em contrapartida da Amazon Prime Video que se manteve custando R$10,00 por mês durante seguidos anos ou o próprio Combo Plus (Disney + e Star) por R$45,00. 

Tal movimento do mercado fez com muitos desistissem de renovar seus planos com a Netflix. No 1º trimestre de 2022 a empresa perdeu cerca de 26% de seus assinantes aqui no Brasil. Por isso, a empresa buscou saídas para baratear o custo das assinaturas e ainda manter a mesma “qualidade” de seu catálogo. Porém, a maneira que decidiram seguir não agradou em nada os assinantes. 

A Netflix anunciou em outubro que a partir de novembro, o plano mais barato custaria R$18,90 e teria grandes mudanças se comparado com os demais pacotes. Entre as mudanças estão: Anúncios de 15 a 30 segundos antes e durante a exibição das produções, qualidade de exibição de até 720p (ou seja, muito abaixo do comum), indisponibilidade do sistema de download para reproduzir o catálogo sem acesso a internet e, talvez, o pior de tudo, números limitados de produções. Isso mesmo, assim como Amazon Prime Video e Globoplay, nem todos os filmes e séries da Netflix estarão disponíveis para quem assinar esse pacote de R$18,90. 

Conclusão que se pode chegar é que embora seja uma alternativa para quem não tem condições de assinar os demais pacotes, essa opção continua sendo cara e sem vantagem alguma, uma vez que o custo por exibição continua o mesmo, se não mais caro. 

Para isso é necessário entender um pouco das questões de custo operacional da plataforma. De forma básica, podemos estimar que o catálogo da Netflix seja composto por 5 mil títulos (últimos dados do início de 2022 mostra um número aproximado em 4.300), que em um pacote de R$27,00 (o mais básico antes do novo modelo), cada produção teria um custo para o assinante de R$0,40. Sem anúncios, com opção de download e com todos os títulos disponíveis. 

Através do novo modelo, o assinante paga R$18,90 (R$7,00 a menos que o outro plano), com todos os contras do pacote. Desses 5 mil títulos, podemos estimar que ao menos mil títulos serão bloqueados para esse pacote especificamente, deixando apenas 4 mil títulos. Portanto, o custo por produção para o assinante cai para R$0,07. Se levarmos em conta que o número de filmes no pacote de R$27,00 é maior, sairia mais caro manter um pacote de R$18,90. Ou seja, por mais que você economize no dinheiro por mês, acaba pagando mais em termos de custo, uma vez que as vantagens do pacote de R$27,00 não estarão mais disponíveis e o número de títulos disponíveis se torna menor. Isso, apenas com a estimativa de que serão somente mil filmes a menos, é claro.

A questão é que a Netflix precisa atrair o público que acabou perdendo nos últimos anos, sem contar na eterna “briga” que a empresa trava com os chamados “assinantes parasitas”, aqueles que ficam utilizando as contas emprestadas dos familiares e amigos. Então, o poder do marketing pode atrair mais interessados, uma vez que ninguém para pra pensar nos cálculos que trouxemos aqui, e unicamente no valor que será cobrado na fatura no final do mês. Além disso, a irritação com os anúncios pode chegar a tanto e a vontade de assistir um título que não esteja disponível pode provocar a vontade e o impulso do assinante assinar os outros planos mais caros, como pode ser facilmente explicado pela psicologia de vendas. 

Concluindo, assim, que o novo pacote de R$18,90 é muito mais caro para o assinante, em termos de serviço prestado pela plataforma do que os outros R$7,00 do outro plano. É importante, embora sejam poucos os que fazem, os assinantes ficarem espertos nessas jogadas de marketing e vendas das grandes empresas para que não saiam no prejuízo, ainda mais quando o custo de vida brasileiro se encontra em condições tão deploraveis.

É autor, ator, dramaturgo e produtor brasileiro. Nascido em Tangará da Serra – MT, publicou seu primeiro livro aos 14 anos e o segundo aos 16. Em 2017 se mudou para Curitiba onde iniciou sua carreira de ator, produtor e dramaturgo. Em 2019, produziu e dirigiu a serie Dislike. Em 2020 publicou seu drama de estreia, Cartas para Jack. Em 2021 lançou a série de contos intitulada Projeto Insônia.

Comentar

Responder

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Seja nosso parceiro2

Megaidea