Rio de Janeiro
Viver um #TBT no Rio!
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Por Bianca Nascimento
Morar no Rio é uma sensação única. Para muitos de fora, aqui pode se resumir a praias. Mas essa cidade é território de riqueza cultural tão potente, que é como se morasse numa parte dos livros de história. E assim é. Além das peças, shows, de ser um celeiro cultural, assim como São Paulo, a diferença é que aqui, eu resgato até mesmo memórias de época que nem mesmo vivi!
Isso mesmo: durante dez meses morei na Lapa, no centro do Rio. Considerado um bairro boêmio e vibrante daqui – com muitos bares, rodas de samba e baladas – esse local abriga referências importantes como a Escadaria Selarón e os Arcos da Lapa. Mas sabe o que mais me chama atenção lá?
Toda vez que saia para ir a um simples mercado, panificadora, passava por ruas do centro histórico do Rio que já tiveram muitos acontecimentos. Uma delas é a Rua do Ouvidor: a gente anda por ela e sente a energia que o médico e escritor Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) já dizia, “a mais passeada e concorrida, e mais leviana, indiscreta, bisbilhoteira, esbanjadora, fútil, noveleira, poliglota e enciclopédica de todas as ruas”.
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Rua do Ouvidor ganhava força comercial inspirada em grandes centros do mundo. Foto colorizada de 1941 (Crédito: Revista Life)
Ela era ponto de encontro da sociedade carioca dessa época, e abrigava comércios, modistas, cafés, perfumistas e cabeleireiros ( de origem francesa). Era onde a corte se encontrava, era o próprio Rio de Janeiro. As vitrines, as tendências, os objetivos, as decorações, os arranha-céus: tudo tinha referência dos grandes centros de fora. As pessoas passeavam, passavam tarde, noites, e caminhar na orla de Copacabana nessa época não era o único e tão aclamado passeio do Rio!
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A Rua do Ouvidor só passou a ser chamada assim em 1870, mas essa via foi aberta 1567, conhecida nessa época como Desvio do Mar.
Os tempos mudaram, hoje essa ainda é uma rua de comércios mas que, infelizmente, como tantas outros icônicas, foram abandonadas pelo poder público e não recebem a revitalização que merecem.
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Hoje a Rua do Ouvidor continua com comércios, restaurantes, muitas lojas mas pouco investimento em revitalização e limpeza.
Mas, com certeza, você sentirá toda esse energia histórica passando por lá!
Bianca Nascimento
Bianca Nascimento Jornalista, atriz, nômade. Bianca Nascimento esteve à frente da assessoria de imprensa de projetos culturais e políticos. Sua alma nômade já a levou a morar 211 dias África do Sul, onde trabalhou na área de intercâmbio. Há mais de mil dias mora no Rio de Janeiro, onde já se aventura como atriz. E também de lá compartilha no Jornal A Cena as novidades da cena cultural e lifestyle (turismo, comportamento, gastronomia, moda) da cidade maravilhosa.