Opinião
O Teatro pode acabar!

Por Leonardo Talarico Marins
O título é apelativo. Não posso negar. Também registro a falta de ineditismo do prognóstico. Muitos já levantaram tese sobre o possível fim do Teatro. A diferença desse texto está no diagnóstico. Para mim, desejo estar errado, a geração “infanto-adolescente” não tem estofo para pisar em um palco. Vivem sob uma égide egoica, autoreferrente, com dores cognitivas extremas, incapacidade de se agrupar em prol de um bem maior, destinada ao autoengano, incapaz de reverenciar a história, sem referência litúrgica e, por derradeiro, insensível. Eu sei. A linguagem usada é forte, mas alinhada à natureza.
Basta singelo distanciamento para perceber o quanto essa geração tem dificuldade de lidar com a afetividade, ou seja, com a compreensão dos sentimentos. E o Teatro exige movimento oposto. A medida do artista é a medida do humano e o humano disponível não se sabe humano, pois atua como “cavalo”.
Hora de recordar Nilton Bonder, na obra “A Alma Imoral”: “um cavalo que se sabe cavalo é qualquer coisa menos um cavalo. Já um ser humano que não se sabe um ser humano é qualquer coisa, até um cavalo, menos um ser humano”. A coxia exige pressupostos não presentes na geração de estudantes cênicos. O Teatro incorre residir na mesma prateleira da poesia. Os escritores não acabaram. Nem os livros. Inobstante a falência das livraria. Nem os espetáculos. Há obras, aqui e acolá, inundadas de pessoas. Mas estão morrendo os poetas. Está morrendo a poesia. Está morrendo o Teatro, na sua concepção esclarecedora, litúrgica, humana e qualificada. E, por óbvio, só um cretino carregaria esse argumento à falsa intelectualidade. Jamais. Nelson Sargento era poeta. Estamos na seara da dignidade da pessoa humana, esculpida no artigo primeiro da Constituição da República Federativa do Brasil. Parafraseando a canção, saudade de você Bibi (Ferreira).