Música
O caso da Gaby Amarantos e a mídia burguesa
Por Vanessa R Ricardo
Na última semana a cantora, compositora e apresentadora Gaby Amarantos, artista brasileira do Belém do Pará, foi indicada ao Grammy Latino de melhor álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa com o “disco” TecnoShow. Ela relatou em suas redes sociais que foi convidada a participar de duas entrevistas em uma rádio em São Paulo, para falar sobre a sua carreira, da importância da cultura do norte e da indicação ao prêmio.
Ao participar de um dos programas ao vivo, na hora de tocar tecnobrega, ela ouviu que o estilo das músicas não se enquadravam aos ouvidos do público “elevado” da rádio. Como ela disse em um post no seu perfil no instagram, a rádio tem todo o direito de colocar na sua programação a música que eles quiserem, mas não faz nenhum sentindo convidá-la e não poder mostrar suas músicas de trabalho, mesmo sendo ela, indicada a um dos maiores prêmios da música mundial.
Infelizmente não é de hoje que a música e artistas passam por essas situações de preconceito, principalmente aqueles ligados a periferias e minorias. O samba, por ter vindo dos morros cariocas, o rap que escancara os problemas sociais e música brega ligada a população periférica.
Além do preconceito e racismo por detrás da régua que indica o que é bom ou não, do que é cultura e entretenimento, acredito que os comunicadores têm que baixar as barreiras e ver a arte e a cultura de diversos prismas. É fato que apesar de estarmos em pleno 2023, e que muita coisa evoluiu e mudou, a arte e a cultura, não em sua totalidade, mas continua com o pensamento burguês, e separa e exclui os talentos, principalmente os artistas periféricos.
No encerramento do post Gaby Amarantos disse: “Sigo minha luta para levar cada vez mais longe o movimento da Amazônia periférica, tecnobrega/melody e não vou deixar que situações como essa passem despercebidas”.