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Cinema

Neirud uma história sobre ausência e apagamento

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Por Vanessa R Ricardo

Uma das principais mudanças da 12ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, que engrandece e valoriza a produção nacional foi Competitiva Brasileira. Para estrear essa nova etapa de um dos maiores festivais dedicado ao cinema independente, foram escolhidos pela curadoria seis filmes, “Neirud”, “O Estranho”, “O Policial e a Pastora”, “Quando Eu Me Encontrar”, “Toda Noite Estarei Lá” e “Zé”. Dos seis filme, cinco são de realizadoras.

Abrindo a competitiva brasileira o documentário de 71 minutos da paulistana Fernanda Faya. A cineasta mergulha na história de Neirud. Tia Neirud estava sempre presente nas reuniões da família Faya. Mulher grande e forte que trabalhava no circo. Quem foi essa mulher tão próxima da família e que tão pouco se sabe? São essas perguntas que moveu Fefa ir em busca de contar essa história.

Neirud traz ao público muitas camadas, e percorremos junto com a narradora, Fernanda Faya a busca dessa história de apagamento. O pano de fundo do documentário é o circo da família Faya, que Neirud como sócia trabalhou até pouco antes do falecimento da matriarca da família, Nely Tereze Faya.

É indiscutível a qualidade técnica do longa, e é impossível não se envolver com a história. Queremos tanto quanto Fernanda, saber quem era e quem foi Neirud. O longa mostra como ainda criança, Neirud chegou ao circo, fugindo da promessa de ter uma vida melhor, o que na verdade era apenas uma fachada para trabalho doméstico infantil.

Foi no picadeiro que Neirud conheceu Nely Tereze Faya, avó paterna de Fernanda Faya, em uma trupe de luta livre feminina. Pela força e tamanho, nos seus 1m90 de altura ficou conhecida como a Mulher Gorila. Nessa altura o longa revela o amor entre Neirud e Nely. Me obrigo aqui encerrar esse texto, pois não cabe a mim deixar nenhum tipo de spoiler, pois uma das coisas mais interessantes do filme é que o público também entra na mesma busca da realizadora. Saber quem foi Neirud. Cabe aqui destacar, que a personagem aparece em uma entrevista realizada na cidade de  Santos.

O filme demorou 10 anos para ser finalizado, e uma das preocupações de Faya era que o longa não se torna-se algo egóico, principalmente por se tratar de pessoas da sua família. Sem dúvida Neirud, foi uma das grandes surpresas da 12ª edição do Olha de Cinema, um filme que traz tantas camadas e tantos assuntos relevantes, como o racismo estrutural, relacionamento não-normativos e o apagamento.

Neirud é um filme sobre ausências, sobre apagamentos. E o final é arrebatador. Espero que que doc de Faya tenha vida longa para que muitas pessoas tenham a oportunidade de ver essa linda história.

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