Música
Mistura Fina – PESSOAS SÃO MÚSICAS – uma conversa em dois tempos
Por Giseli Canto
Na tentativa de entender o que leva as pessoas a se identificar com cada música, antes de mais nada, procurei quais as músicas mais ouvidas no Brasil. Comecei pela pesquisa do Spotify no Paraná e descobri que o resultado é nacional, com algumas diferenças bem pontuais entre os estados.
Tudo, ou quase tudo, gira em torno de um amor bandido, amor não correspondido, traído, que faz o coração se arrebentar. Assim meio dramalhão! Falo de músicas que estão nos primeiros lugares das paradas de sucesso.
Ah sim! Nada dá certo nesses relacionamentos ou, mais ou menos. Pra dar certo tem que perder alguma coisa. Ninguém é sucesso nessas músicas somente o compositor e o intérprete. As letras, quase sempre, falam de insucessos.
Há mais de trinta anos uma grande parte dos brasileiros, parecem se identificar com esse fato. Sim! Estou falando desse mundo vazio de reflexões, de letras e melodias que fazem a gente pensar, refletir, mudar nossos posicionamentos de vida e questionar novas filosofias. E daí a pergunta – Quem é você nessas histórias confusas?
Conversei com José Oliva, um pensador da arte, de Curitiba, que como publicitário já andou por muitas estradas compondo, criando textos, anúncios e, portanto, alguém que investiga muito o comportamento das pessoas, de onde vêm e pra onde vão suas ideias e criações. Uma pessoa cheia de atitude!
Veja oque ele diz!
ENTREVISTA
GC –Pessoas são músicas?
JOSÉ OLIVA – Afinal, que pessoas são músicas para nós? Muito gratificante ter lido em sua coluna sobre a importância da Segunda Autoral do Bardo Tatára. Sabe por que? Porque ele não é só um centro de intensa aglutinação de talentos em busca de plateia ou da oportunidade de criá-la. O Bardo, pra mim, é mais que tudo a afirmação da expressiva produção da música popular brasileira produzida por aqui. Ainda que seja assustador dar-se conta da estatística do Spotfy, trazida em sua coluna anterior, de que não há nenhum representante da MPB entre os 15 mais ouvidos na plataforma, só sertanejo universitário, inclusive do Paraná, é prazeroso ver que a casa está sempre cheia para ver um sem número de compositores novos e instrumentistas no espaço criado pelo Tatára. A Segunda Autoral demonstra, assim como diversos outros espaços reais ou virtuais, que há público com desejo de ver e ouvir a música cada vez melhor tocada e cantada por aqui. Creio que a questão é identificar esse público e tratá-lo com carinho.
GC – Falando da preferência musical dos paranaenses
JOSÉ OLIVA – Já pensou? O tal sertanejo universitário, nascido no final da década de noventa e início dos 2000, que bomba nas plataformas com suas dores de cotovelo, traições e busca de amores impossíveis, merece um estudo aprofundado. Um grande público nos colégios e faculdades foi levado a se habituar a ele, mais do que se identificar, a partir dessa época, incentivado, inclusive, pelo bombardeio repetitivo das redes globo da vida, desde aquela época – observe que coincidência, em busca de um novo público e mais audiência. Esse é o ponto. Assim como há público, sem dúvida muito grande, para o fácil e monotemático sertanejo, há público também para a riqueza das formas de expressão de nossa música popular. É bem verdade que os canais de comunicação, rádios, blogues, jornais, tevês, etc não abrem muito espaço. E o motivo é simplesmente o mesmo. É mais fácil trabalhar com o que já é conhecido, o que já vem pronto. Não precisa pensar muito.
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Depois de muito falar, sem concluir esse grande tema, o que não é possível, não podia deixar de publicar aqui outras esperanças que são caras e trazem mais um capítulo da grandeza que é, a atitude de um homem que aposta na virtude dos artistas de sua terra.
Acompanhe comigo na próxima edição, ainda com José Oliva–Gente compondo –Ai, ai ai.
Colaboração: José Oliva – Publicitário criador das Caixinhas de Atitude, compositor curitibano, traz em suas veias a essência do criador, da arte que mexe com a vida e faz pensar.
Entrevista na íntegra:@misturafinaarte
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Quer saber mais? Acompanhe a próxima coluna e comente aqui pra podermos saber o que você pensa sobre isso.
Você poderá discordar, perguntar, não entender direito, mas precisa gostar de estar aqui comigo! Do contrário não vale a pena!
Espero você!
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Giseli Canto
Giseli Canto é cantora paranaense de Curitiba, professora de Artes aposentada, roteirista, produtora, apaixonada pela música e tudo que se refere ao poder transformador dessa arte, pela família e pelos amigos, que considera sua segunda família. Ama uma boa conversa e está sempre aberta a novos caminhos. Seu olhar otimista para o ser humano faz de sua vida um mundo recheado de boas relações e experiências.
José Oliva
15 de fevereiro de 2021 at 17:13
Grato pela entrevista e pela oportunidade! Beijão Giseli
Giseli Canto
25 de fevereiro de 2021 at 12:11
Aqui quem agradece sou eu, pela oportunidade de contar com seus saberes.
Abraço!
Gi Canto