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Jornalista curitibana propõe um programa diferentepara a véspera do Dia dos Namorados
“Preciso de homens para o próximo fim de semana”, diz a jornalista e escritora curitibana Joanita Ramos. Poderia ser uma alusão ao dia dos namorados. Mas é, na verdade, um modo brincalhão de expressar uma necessidade de pesquisa. A profissional agendou para o próximo sábado (11/6), às 15h, uma roda de conversa em que pretende saber de pais e homens que se recusam à paternidade, o que têm a dizer sobre os medos e as angústias que cercam a ideia de colocar uma criança neste mundo não escolhido.
O acesso será pelo site containercultural.com, e o objetivo – dentro do Projeto Palavras Trocadas – é a escrita de um texto dramatúrgico sobre o assunto, dando continuidade à pesquisa da autora sobre o uso de notícias de jornal, histórias de vida e pontos de vista de personagens reais na Literatura.
“No fundo, no fundo, o papo será sobre formação humana”, afirma a autora, que pretende investigar modos de abordar, agora na dramaturgia, questões que já foram seus objetos de estudo em pesquisa de Mestrado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), como o papel e a prática das instituições – família, escola, mídia – na formação dos sujeitos, e mecanismos de padrões culturais que afetam a escala de valores humanos de crianças e jovens.
No ponto de partida da conversa estará o argumento da peça: um homem entra em pânico no momento em que sua namorada está num sofrido trabalho de parto. O que lhe perturba, como descreve a autora, não é apenas o sofrimento da parceira, mas a angústia gerada pela responsabilidade de submeter uma criança à realidade atual.
No momento do parto, o personagem lembrará de fatos como o de uma garota que morreu pisoteada por outros jovens afoitos para entrar num show, e um menino que ficou preso no cinto de segurança, após o roubo de um carro e foi arrastado pelos ladrões por muitos quilômetros.
“Esses são exemplos de riscos a que estão sujeitos os nossos filhos, em consequência do modelo de sociedade a que estamos sujeitos, e poucos estão fazendo algo a respeito” – diz a jornalista. O protagonista dará voz a essa sensação de impotência, enquanto seu antagonista – são dois personagens previstos – seria a voz que tenta olhar para o “positivo” e acredita que não falar dessas coisas ajuda.
Falando sobre a necessidade de tratar desses assuntos por uma linguagem mais sensível, no âmbito da Arte, a autora afirma que “é um desafio escrever sobre um lugar de fala que não e o meu, e ao mesmo tempo, acredito que seja uma boa oportunidade para os homens, que raramente têm oportunidade de falar sobre os seus medos e as aflições de seu papel masculino”.
Outro objetivo é contribuir para ampliação do acesso e estímulo à escrita e leitura de textos dramatúrgicos, valorizando a dimensão literária da Dramaturgia. O texto, com nome provisório de “Dilatação”, será disponibilizado gratuitamente no site containercultural.com.br. A previsão é que o PDF esteja acessível já na segunda quinzena de julho.
Projeto Cultural realizado com recursos do Programa de Apoio de Incentivo a Cultura – Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura Municipal de Curitiba
Mais informações no site containercultural.com