Teatro
Grupo Baquetá (PR) e Cia Arteatro (RR) apresentam-se em território indígena de Piraquara com espetáculos gratuitos e abertos ao grande público
Montagens das duas companhias fazem parte de projeto de circulação em quatro regiões do país, que inclui (com)vivências interculturais nos territórios das comunidades de povos originários

Neste domingo (23), o território sagrado Floresta Metropolitana de Piraquara Tekoa ywy dju terá um dia inusitado. A comunidade indígena vai receber dois espetáculos de companhias artístico-culturais amefricanos, que fazem parte do projeto “Entre Brasis”, assinado pelo Grupo Baquetá (PR) e Cia Arteatro (RR). Esta data é a segunda da iniciativa, que acontece em cinco estados do país. Além do Paraná e Roraima, Goiás, Pernambuco e Bahia também recebem o projeto “Entre Brasis”.
Segundo Kamylla dos Santos, uma das diretoras do projeto e do Grupo Baquetá, “os dois coletivos têm em comum produções que refletem sobre seus contextos sociais e raciais, com base na contracolonialização e afirmação identitária. Essas similaridades nos unem e tornam potente nosso encontro, fomentando o intercâmbio de culturas e saberes afro-indígenas de diferentes regiões do país”.
Enquanto o Grupo Baquetá apresenta o espetáculo Karingana UA Karingana: Histórias de Áfricas, a Cia Arteatro encena Gotas de Saberes. O projeto inclui 14 apresentações no total nas cidades de Piraquara (PR), Morretes (PR), Curitiba (PR) Boa Vista (RR), Cantá (RR), Alto Paraíso de Goiás (GO), Petrolina (PE) e Curaçá (BA). As apresentações e atividades de formação e intercâmbio acontecerão preferencialmente em comunidades indígenas, quilombolas, terreiros e escolas e todas terão acesso gratuito, bem como medidas de acessibilidade arquitetônica e comunicacional. Além dos espetáculos, ocorrem ainda rodas de conversa sobre as narrativas afro-indígenas e o fazer-artístico.
“Serão tempos utilizados para a escuta atenta e trocas com experiências artísticas-culturais locais. No “livre” percorrer pelos territórios, partindo da generosidade dos produtores-moradores das cidades onde estaremos, compartilhando suas redes, ampliaremos o efeito de nossas passagens”, diz Silmara Costa, gestora e atriz da Cia Arteatro.
O projeto é fomentado pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), por meio do Rede das Artes – Programa de Difusão Nacional, no edital Bolsa Funarte de Teatro Myriam Muniz 2023 e celebra 31 anos de fundação da Arteatro e 15 anos do Baquetá. “Entre Brasis” foi nacionalmente premiado no 8º PRÊMIO LEDA MARIA MARTINS, categoria Muriquinho – infantojuvenil.
SERVIÇO:
Projeto “Entre Brasis” apresenta Karingana UA Karingana: Histórias de Áfricas (Grupo Baquetá) e Gotas de Saberes (Cia Arteatro).
Data: 23 de março, domingo
Programação:
8h15: café da manhã
9h: Oficina – Brincando Áfricas – Grupo Baquetá
9h30: Oficina – Pintura corporal com sumo de Jenipapo e sua relação com os grafismos indígena – Cia Arteatro
11h30 – Gotas de Saberes – Cia Arteatro
12h10: Almoço
14h30: Karingana ua Karingana: Histórias de Áfricas – Grupo Baquetá
15h30: Roda de conversa sobre narrativas afro-indígenas e o fazer artístico nas diferentes regiões do Brasil, semelhanças e diferenças, com os integrantes dos dois grupos
16h30: café da tarde
17h: Encerramento
Local: Território sagrado Floresta Metropolitana de Piraquara Tekoa ywy dju – R. Isídio Alves Ribeiro, 764 – Planta Meireles, Piraquara – PR, 83304-240
Espetáculos e oficinas – gratuitos.
Valor do almoço: R$ 40,00
Informações: 41 998271737
KARINGANA UA KARINGANA! Histórias de Áfricas – Grupo Baquetá
Contar uma história é encontrar as sementes e puxar da raiz a nossa própria história. Estas são chamadas de karinganas em Moçambique, um dos 55 países do continente africano, e divertem e ensinam adultos e crianças. Para que a história comece, o contador grita: “Karingana ua Karingana?” E quem ouve, responde: “Karingana!”. As karinganas, contadas em roda, são ricas em ritmos, danças, cores e ancestralidade. De onde vem nossas raízes?
Gotas de Saberes – Cia Arteatro
Sinopse: Faz parte de projeto homônimo que propõe a contação de histórias em forma de espetáculo. O texto, inspirado em histórias do povo originário da etnia MaKuxi, possui uma narrativa elaborada pelos atores a partir da história original e do processo de experimentação e vivência pessoal de cada um. A adaptação traz elementos da infância, de experiências vividas e ancestralidade dos atores. A peça é a concretização do desejo da companhia de realizar um espetáculo que aborda as suas ancestralidades, a sua identidade amazônica e roraimense e contou com a assessoria do dramaturgo e encenador Márcio Marciano na direção e na dramaturgia.