Teatro
CONEXÃO CULTURAL – A arte parou?
Por Bianca Nascimento
Não parou. Mas, se readaptou. Em como todos os tempos, a arte imita a vida e se adapta a ela. Se na Grécia antiga os teatros eram em ruínas gregas, hoje, é feito na sala de casa. Confesso que como atriz no Rio de Janeiro, senti um “báque” na pandemia. Como cancelar as peças da noite pro dia? Como fazer arte sem sentir o cheiro do palco? Sem ouvir o sorriso do público? Só vivendo nessa nova realidade, dia a dia, percebi como a arte é viva, nunca se infecta, nunca morre.
Uma das marcas desse novo período foram os artistas que começaram a performar da janela de seus lares. Essa novidade começou na Itália, e todo o mundo replicou. Já atores, comediantes, bailarinos, fizeram do chão de seus lares, um palco à parte para atuar e transmitir online seus trabalhos. E vários festivais virtuais foram criados nesse período. O que eu mais gosto é o Festival Up – Show Online, que foi crescendo e dando visibilidade a artistas de todo o Brasil. Acho que até mais visibilidade do que poderiam ter no palco presencial. O evento foi ganhando patrocínio e se tornou o maior festival online da America Latina, contemplando todas as categorias como circo, dança, canto e comédia. E ainda premia os artistas!
E agora, como está a arte? No Rio de Janeiro, no segundo semestre do ano passado, os teatros voltaram a abrir gradativamente, seguindo os protocolos sanitários, como o distanciamento entre os assentos e , em alguns casos, atores usando máscaras de proteção transparente. Mas, o público ainda continua pequeno. O legal é que alguns teatros aproveitaram para fazer pequenas reformas, como o Teatro Vannucci, conhecido pelos seus musicais para o público infantil (onde eu tive o prazer de atuar no musical “O Peter Pan O Musical”, em 2019). Eles melhoraram a ventilação na plateia. A primeira peça que assisti lá depois da reabertura foi “Nemo, o Musical”, em que meus amigos atores amados e talentosos, Areias Herbert, Juliana Marins e Nano Max, minha verdadeira família no Rio, atuaram.
Os teatros vêm seguindo seu próprio calendário: nomes como Teatro Clara Nunes e o Teatro Miguel Falabella, voltaram a funcionar só no final do ano passado. Já outros, como o Teatro Casa Grande, Henriqueta Brieba e Caixa Cultural, estão voltando sua programação agora em 2021. E teve cias de teatro que inventaram novas formas de se apresentar, como a Companhia Teatro Caminho, que estreou nas ruas da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, o espetáculo “Amazona”. A peça é apresentada para grupos de até oito pessoas, contando uma trama sobre a natureza e os centros urbanos.
Já outros grandes eventos como o Rock in Rio, por exemplo, que dependem de um grande público, vão “contar com a sorte” da imunização da vacina contra a Covid-19.
O evento já foi até confirmado para acontecer em setembro, com grandes atrações como Iron Maiden, Dream Theater, Megadeth e Sepultura. Mas, como tudo tem mudado de um dia para o outro, agora, é esperar pra, literalmente, ver e se divertir. Imunizados, é claro!
Bianca Nascimento
Jornalista, atriz, nômade. Em sua jornada na arte e jornalismo, Bianca Nascimento esteve à frente da assessoria de imprensa de projetos culturais em Curitiba e na comunicação da Secretaria da Cultura do Paraná. Sua alma nômade já a levou para a África do Sul, onde morou e trabalhou com marketing na área de intercâmbio. Agora, há dois anos morando no Rio de Janeiro, onde já se aventurou como atriz em teatro de comédia e musical, traz para o Jornal A Cena, literalmente, as novidades da cena cultural do Brasil para Curitiba e de Curitiba para fora.