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Cinema

Cinco filmes feitos por realizadores indígenas para conhecer

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Por Carlos Canarin

Segundo o último censo do IBGE (2010) que apurou dados sobre os povos indígenas do país, foram registrados 305 povos originários e mais de 274 línguas falantes nessas realidades. Isso denota uma pluralidade de culturas indígenas que habitam o território brasileiro, não limitando-se a uma ideia generalista, essencialista ou estereotipada do “índio” (que aliás, é uma palavra em desuso, afinal a mudança também está no campo da linguagem e como esta também é utilizada para fins de dominação de um povo ou cultura contra os outros).

Dito isso, é perceptível como parte dessas populações se dedicou a desenvolver nas artes uma maneira de lutar contra as narrativas únicas produzidas e exploradas pela colonização. Entretanto, é necessário evidenciar que essas múltiplas culturas originárias já tinham uma forma de lidar com a arte muito antes da chegada dos invasores europeus nessas terras. A arte brasileira, então, não nasce importada como por muito tempo se quis enxergar; ela já é secular, ancestral.

Selecionamos cinco obras de realizadores indígenas brasileiras e brasileiros que apresentam um panorama desse cinema contemporâneo que é feito por essas populações, na busca de valorizar a presença indígena dentro da sétima arte, denunciar as realidades marcadas pela violência (tanto física, quanto ambiental) da exploração humana atrás de riquezas naturais e de desmantelar uma imagem de controle única feita sobre os povos originários no Brasil:

1) “Cantos em um encontro de pajés” (2015)

Sinopse: Os Maxakali, povos indígenas habitantes do nordeste de Minas Gerais, promoveram em fevereiro de 2014 (do dia 16 ao 26) um encontro de pajés, com a presença de sábios e especialistas de diversos pontos de seus três pequenos territórios, ademais de alguns convidados Pataxó habitantes do território de Barra Velha, situado no litoral da Bahia. Junto a seus Yãmĩyxop, seus povos-espíritos aliados, os Maxakali rememoraram um extenso repertório de cantos e prepararam alimentos tradicionais para todos – humanos e espíritos.

Ficha técnica: Realização: Josemar Maxakali, Marilton Maxakali, Bruno Vasconcelos; Seleção de cantos: Toninho Maxakali, Josemar Maxakali, Marilton Maxakali, Zé Antoninho Maxakali, Bruno Vasconcelos; Seleção de imagens: Josemar Maxakali, Marilton Maxakali, Bruno Vasconcelos; Tradução: Josemar Maxakali, Marilton Maxakali; Som direto dos cantos e depoimentos dos pajés: Leonardo Pires Rosse; Fotografia: Josemar Maxakali. Marilton Maxakali, Bruno Vasconcelos; Montagem e finalização: Bruno Vasconcelos; Pesquisa e produção: Ricardo Jamal; Coordenação: Rosângela de Tugny, ProdocSon – programa de documentação de sonoridades indígenas – Museu do Índio;

Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?v=opD2qDnp4Y8;

 

2) “Índio Cidadão” (2014)

Sinopse: O filme apresenta resgate histórico audiovisual da participação do movimento indígena na Assembleia Nacional Constituinte (1987-88) e entrevistas com memórias dos coordenadores da União das Nações Indígenas – Ailton Krenak e Álvaro Tukano – e de lideranças que participaram ativante dessa mobilização como Davi Kopenawa, Mario Juruna, Moura Tukano, Paulo Paiakan, Pirakumã Yawalapiti e Raoni Metuktire. O momento marcante desse processo é a intervenção de Ailton Krenak no Plenário em defesa da emenda popular com a proposta de capítulo dos direitos dos Povos Indígenas. O recorte contemporâneo da luta do movimento indígena documenta a incidência política da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) no Congresso Nacional em 2013, pela manutenção dos direitos constitucionais conquistados diante da investida anti-indígena da Bancada Ruralista – representada naquele momento pela PEC nº 215/2000. A histórica ocupação do Plenário da Câmara dos Deputados no Abril Indígena 2013 foi montada com as incríveis imagens cedidas pelo parceiro Kamikia Kisedje e arquivos da TV Câmara. O enredo se desenvolve com a documentação da participação de representantes da APIB em grupo de trabalho conjunto com deputadas(os), em registros de falas públicas e entrevistas de Aurivan “Neguinho” Truká, Dinamam Tuxá, Ninawa Huni Kuin, Paulo Tupiniquim, Sonia Guajajara, entre outros, como reflexo do protagonismo coletivo de lideranças do movimento indígena.”.

Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?v=Ti1q9-eWtc8&t=190s;

 

3) Já me transformei em imagem (2008)

Sinopse: O filme trata desde os primeiros encontros com o homem branco e os anos seguintes de escravatura nos seringais até a recuperação das terras e tradições culturais, esta história de perda e renovação dos Hunikui é revelada através das experiências compartilhadas pelos membros da comunidade.

Ficha técnica: Diretor: Zezinho Yube; Edição: Ernesto Ignacio de Carvalho; Produção: Vídeo nas Aldeias.

Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?v=hwwiJwep3lw;

 

4) Urihi Haromatimape: Curadores da terra-floresta (2013)

Sinopse: Os trovões estão avisando: “a Terra está doente”. Para curá-la, Davi Kopenawa reuniu os xamãs Yanomami de diversas regiões. Com a ajuda do alimento dos espíritos, o rapé yakoana, eles vão tratar os males provocados pelas cidades e doenças dos brancos.

Ficha técnica: Elenco Davi Kopenawa e xamãs da Terra Indígena Yanomami; Direção Morzaniel ƚramari Yanomami; Roteiro Ana Maria Machado e Morzaniel ƚramari Yanomami; Produção Hutukara/ISA/OEEI-UFMG/Pedro Portella; Direção de Fotografia Morzaniel ƚramari Yanomami; Montagem / edição Julia Bernstein, Morzaniel ƚramari Yanomami e Pedro Portella.

Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?v=xdQi6eMSrbc;

 

5) Shuku Shukuwe: a vida é para sempre (2012)

Sinopse: Por três vezes, Yuxibu cantou Shuku Shukuwe, a vida é para sempre. Ouviram as árvores, as cobras, os caranguejos. Ouviram todos os seres que trocam suas peles e cascas. Por três vezes, Yuxibu cantou Shuku Shukuwe. Mas a inocente não soube ouvi-lo em silêncio. E a vida tornou-se breve.

Ficha técnica: Direção: Agostinho Manduca Mateus Ika Muru Huni Kuin; Produção: Aldeia São Joaquim Centro de Memória, Associação Filmes de Quintal, Literaterras/UFMG; Fotografia: Adelson Paulino Siã Huni Kuin, Ana Carvalho, Carolina Canguçu, Nivaldo Tene Huni Kuin, Ayani Huni Kuin, Isaka Huni Kuin, Tadeu Siã Huni Kuin; Montagem:Agostinho Manduca Mateus Ika Muru, Ana Carvalho, Carolina Canguçu, Tadeu Mateus Siã Huni Kuin; Som: Adelson Paulino Siã Huni Kuin, Ana Carvalho, Carolina Canguçu, Nivaldo Tene Huni Kuin, Ayani Huni Kuin, Isaka Huni Kuin, Tadeu Siã Huni Kuin.

Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?v=ERbCuWALcMk;

 

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