Música
Tacy mergulha na história do rock feminino em “Todas as Mulheres do Mundo”
Em “Todas as Mulheres do Mundo”, a cantora e compositora Tacy revisita a história do rock sob a ótica feminina, resgatando vozes esquecidas e reafirmando o protagonismo das mulheres no gênero.
Por Jornal A Cena
Radicada em Niterói, mas com raízes profundas na cena curitibana, a cantora e compositora Tacy apresenta no dia 14 de novembro, no Dolores Club (Rio de Janeiro), o show “Todas as Mulheres do Mundo”, um projeto que nasce de uma inquietação: onde estão as mulheres na história do rock?
Depois de uma década à frente de um espetáculo em homenagem a Cássia Eller, Tacy sentiu a necessidade de encerrar um ciclo e abrir espaço para um novo movimento criativo. “Quis cantar outras representantes do rock, expandir meus horizontes e olhar para além da Cássia. Quando comecei a pesquisar, percebi um vazio enorme. Ninguém falava sobre as mulheres dentro do rock”, conta a artista.
A partir dessa lacuna, nasceu uma extensa pesquisa que atravessa décadas, dos anos 1950 à atualidade para mapear o protagonismo feminino no gênero. Tacy resgata nomes como Celly Campelo, Heleninha Silveira, Nora Ney e Silvinha Araújo, pioneiras muitas vezes esquecidas, e segue pelas fases que transformaram o rock brasileiro: do psicodélico dos anos 70 ao new wave dos 80, passando pelo grunge e o punk que marcaram os 90 e 2000, com vozes como Rita Lee, Marina Lima, Gal Costa, Pitty, Ana Cañas e tantas outras.
Mais que uma homenagem, “Todas as Mulheres do Mundo” é um manifesto. “O rock é um gênero importado, mas com origem africana, nasceu da pele preta, do blues e do jazz. E no Brasil, sempre foi contado sob a ótica masculina. Meu objetivo é valorizar a nossa produção, na nossa língua, e dar visibilidade a quem ficou à margem dessa narrativa”, explica Tacy.
O repertório, pensado para criar conexão imediata com o público, reúne canções que atravessam gerações — de Velha Roupa Colorida a Pagu, Malandragem, Me Adora e Flutua. “Quero que as pessoas cantem juntas, que se reconheçam nessas vozes e memórias. É um show pra todas as idades, um resgate afetivo e histórico”, afirma.
No palco, o protagonismo é inteiro das mulheres — da banda às convidadas. “Percebi que eu estava cercada de círculos masculinos. Quando decidi que queria uma banda feminina, entendi o quanto é difícil encontrar essas mulheres e como elas estão isoladas em bolhas musicais. Hoje, 70% dos meus trabalhos são com bandas formadas por mulheres. Isso é uma conquista real, reflexo dessa pesquisa e dessa luta”, diz.
Para Tacy, “Todas as Mulheres do Mundo” é mais que um show: é um ato político e cultural alinhado à ODS 5 da ONU, que trata da igualdade de gênero. “Falar sobre rock feminino é falar de representatividade, de lugar de fala e de transformação social. É afirmar que o palco também é nosso.”
O projeto estreou em 2024 pelo edital Paulo Gustavo, no Teatro Municipal de Niterói, e agora segue em circulação. A apresentação no Dolores Club conta com participações de Miriam Ruperti, parceira de longa data de Tacy, e da cantora de blues Sonja.
Serviço:
Tacy – Todas as Mulheres do Mundo
Dolores Club – Rua do Lavradio, 10 – Centro Rio de Janeiro
14 de novembro, às 20h30
Ingressos disponíveis https://bileto.sympla.com.br/event/110453

