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Primeiro dia útil do ano e discussão sobre a volta do Ministério da Cultura

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Por Vanessa R Rícardo 

Dia dois de janeiro de 2023, indo a caminho da primeira vereda para o trabalho, sim primeira parte, pois todos os dias me desloco de Curitiba a Região Metropolitana, quase divisa com Santa Catarina. Quase chegando na primeira parte do destino, o motorista de aplicativo com mais de 40 anos me pergunta sobre a posse do Presidente Lula. Falei que esperava o melhor, pois na minha opinião não poderia ser pior do que o governo passado. Indignado com minha resposta, tentando me convencer que o certo era ele e não eu. 

Querendo pular pela janela do carro em movimento, respondi com outra pergunta: o que o governo que perdeu na última eleição tinha feito de bom? Ele não soube responder, e disparou a falar sobre o número de ministérios recém criados. 

Para quem me conhece, sabe que não tenho muita paciência para esse tipo de discussão, mas entre minhas últimas escolhas, não desse ano, mas já de algum tempo atrás, decidi não mais discutir, principalmente com quem não está disposto a escutar ou ter uma conversa civilizada. Aquela frase, nunca fez tanto sentindo pra mim, “não jogue pérolas aos porcos”. Tentando praticar a empatia, peguei o celular, pra tentar fugir daquela conversa desagradável. Enquanto isso, o homem continuava a falar, que achava um absurdo a criação de tantos ministérios, que segundo ele, era inútil e só causava gasto de dinheiro público. 

Quando ele falou mal do ministério da cultura, daí não me contive, tirei os olhos da tela do celular e perguntei se ele sabia dos gastos do cartão corporativo, que só no em 2021, ano de pandemia no Brasil, o ex presidente gastou mais de 11 milhões de reais, valor  18,8% maior que a gestão anterior, de Dilma e Temer. Então o pau que bate em Chico não é o mesmo que bate em Franscisco. Infelizmente essa não é uma lógica apenas dele, mas de muitos. 

A partir daí não consegui ficar mais quieta, então minha apatia se tornou raiva, quando ele disse que cultura não é importante. Falei para ele que o setor cultural e a economia criativa no país podem ser comparadas com o setor da construção civil, em questão de dinheiro que movimenta a economia. Sem falar do número de empregos gerados direta e indiretamente no país. Mas arte e cultura não são só isso,  são ferramentas importantíssimas para o desenvolvimento intelectual e cognitivo de qualquer ser humano. Investir em arte é investir em educação, no cuidado com o próximo. E isso ficou ainda mais latente em mim, após esses dois anos de pandemia. O que seriamos de nós sem as peças de teatro online, as lives com os grandes artistas, as intermináveis séries do streaming. Com certeza seríamos pessoas ainda mais raivosas.  

Antes de eu ter a oportunidade de falar tudo o que eu queria, a viagem felizmente acabou. Desci do carro atordoada, cheia de gatilhos e pensamentos acelerados. Mas um pensamento fixou em minha mente, não é à toa que tanta gente nos últimos anos defendem a volta da ditadura no país. Será isso falta de cultura ou de educação? Mas essa conversa ficará para um próximo texto. 

Ah antes que eu me esqueça, seja mais que bem vindo Ministério da Cultura. 

Vanessa Ricetti Ricardo, jornalista e assessora de imprensa, pós graduada em cinema, desde o início de sua carreira se dedica ao jornalismo cultural. Trabalha como repórter em rádio. Criou em 2013 o Jornal A Cena, onde divulga a arte e a cultura realizada no país.

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