Interaja conosco

Literatura

Olhos de Pixel: livro vencedor do Jabuti 2022 é curitibano

Publicado

em

Por Gaby Lara

A história do Prêmio Jabuti começa por volta de 1958, em um período repleto de desafios para o mercado editorial, como recursos escassos e baixa articulação do segmento. Apesar das adversidades, não faltava entusiasmo aos(às) dirigentes da Câmara Brasileira do Livro. As discussões para a criação do Prêmio foram comandadas pelo então presidente da entidade, Edgar Cavalheiro, e pelo secretário Mário da Silva Brito, intelectuais e estudiosos da literatura brasileira. Essas discussões em torno de uma “láurea” ou “galardão”, como se dizia na época, ganharam forma na diretoria seguinte, de 1957-1959, presidida por Diaulas Riedel, a quem coube confirmar a figura do jabuti para nomear o prêmio e realizar o concurso para a confecção da estatueta, vencido pelo escultor Bernardo Cid de Souza Pinto.

A primeira premiação ocorreu também na gestão do presidente Riedel. No final de 1959, no auditório da antiga sede da CBL na Avenida Ipiranga, foi feita a cerimônia do 1º Prêmio Jabuti. Foram premiados, entre outros, Jorge Amado, na categoria Romance, pela obra “Gabriela, Cravo e Canela”, e Isa Silveira Leal, na categoria Literatura Juvenil, pela obra “Glorinha”. A Saraiva ganhou o prêmio de Editora do Ano. Anualmente, editoras dos mais diversos segmentos e escritores(as) independentes de todo o Brasil inscrevem suas obras em busca da tão cobiçada estatueta e do reconhecimento que ela proporciona. Receber o Prêmio Jabuti é um desejo acalentado por aqueles(as) que têm o livro como instrumento de cultura.

Em 2018, o Prêmio Jabuti completou 60 anos e foi completamente repaginado, com o objetivo de aproximá-lo mais do leitor e de torná-lo mais competitivo entre autores(as) e editoras, fortalecendo ainda mais sua posição como o mais almejado prêmio literário do país. Mais uma vez, a inovação se fez presente com a adoção de medidas para acolher os autores(as) independentes, aprimorar a gestão da estrutura do prêmio e aperfeiçoar os critérios de análise das obras.
As categorias do Prêmio Jabuti foram reorganizadas em quatro eixos: Literatura, Ensaios, Livro e Inovação. A mudança serviu para racionalizar e qualificar as áreas do conhecimento e para que o prêmio se tornasse ainda mais abrangente. Para prestigiar ainda mais os vencedores(as), o Jabuti passou a ter somente um ganhador por categoria. A premiação mudou para que a revelação dos ganhadores(as) de cada categoria e do Livro do Ano passasse a ocorrer apenas na cerimônia de premiação. E, ainda neste ano, foi lançada a categoria Formação de Novos Leitores para reconhecer iniciativas de estímulo à leitura.

O maior diferencial do Prêmio Jabuti em relação a outros prêmios é a sua abrangência: além de valorizar escritores, ele destaca a qualidade do trabalho de todos(as) os(as) profissionais envolvidos(as) na criação e produção de um livro.

A última edição aconteceu em novembro de 2022 e na categoria Romance, o vencedor foi “Olhos de Pixel” escrito pelo curitibano Lucas Mota e publicado pela editora Plutão Livros.

Conversamos com Mota pelas redes sociais e ele definiu a sensação de ganhar o prêmio como: É uma coisa doida, uma mistura. Surpresa, felicidade, emoção, gratidão. Tudo ao mesmo tempo.”

Questionamos sobre as dificuldades da escrita, principalmente em Olhos de Pixel.
“Eu sempre digo que não existem etapas fáceis na escrita, tudo é sempre muito difícil, cansativo e exige algum nível de foco e persistência. Dito isso, posso dizer que o Olhos de pixel trouxe um desafio que eu quase sempre me imponho em meus livros: o de escrever personagens com vivências diferentes da minha. Isso exige uma pesquisa muito específica e até mesmo leitura sensível para garantir que nenhuma representação seja estereotipada ou desrespeitosa. Escrever personagens diferentes de mim é sempre um processo delicado e exige atenção redobrada, mas o resultado, quando bem-feito, é muito interessante.”

Durante a leitura da obra vencedora do Jabuti 2022, é possível encontrar várias referências de Curitiba e o nosso querido autor enfatizou o quanto isso foi importante.

“Curitiba é um cenário como outro qualquer, mas é também uma afirmação. A gente tá acostumado a crescer vendo filmes, lendo quadrinhos, jogando jogos de aventura, ficção científica e fantasia. Alguns se passam em universos fictícios, outros se passam no mundo real. Quando essas histórias são do mundo real, quase sempre elas se passam em cidades dos Estados Unidos ou da Europa. Por mais legal que isso tudo seja, eu sinto falta de mais histórias assim representando o Brasil e suas particularidades. Escolhi Curitiba como cenário do meu livro porque queria somar minha voz a de outros autores de ficção científica e fantasia que tem trazido a realidade brasileira para suas tramas.”

Lucas Mota, nos contou também, que levou cerca de 50 dias para fazer o primeiro manuscrito de Olhos de Pixel e nos adianta que tem livros inéditos prontos em casa, apenas aguardando uma oportunidade para chegar aos leitores.

Agradecemos ao Lucas por essa conversa e desejamos muito sucesso.

Sobre a obra e o autor

Olhos de Pixel

Tudo que Nina Santteles — mercenária, queer, habitante do submundo — quer é resgatar o amor do filho adolescente e conseguir passagens só de ida para a colônia espacial Chang’e. Quando é detida pela polícia, recebe a oportunidade de capturar o hacker alvo da maior corporação-igreja do país em troca das tão desejadas vagas no paraíso.

O problema é que o hacker oferece o mesmo negócio, mas com um adendo: ela não precisará ir contra seus ideais se ajudar a enfrentar a igreja que quer banir a existência de pessoas como ela. Nina vai atravessar explosões e realizar feitos super-humanos para decidir se o preço de se redimir com o filho e dar a ele uma vida melhor vale tanto quanto provar para o mundo que sua existência não é um crime.

Ambientado em uma Curitiba futurística e cyberpunk, Olhos de pixel leva o leitor em uma jornada sobre como podemos reafirmar nosso lugar no mundo e enfrentar nossos próprios preconceitos.

Link para compra: https://www.amazon.com.br/Olhos-pixel-Lucas-Mota-ebook/dp/B08XM8L973

Lucas Mota

Lucas Mota nasceu em Umuarama, no Paraná, e vive em Curitiba. É escritor, vencedor do Jabuti 2022 com Olhos de pixel (Plutão Livros, 2021). Também escreveu Boas Meninas Não Fazem Perguntas (financiamento coletivo, 2018) e Todos Os Mentirosos (Amazon, 2016). É autor dos contos Desintegrado (2018), O Destino de Ayra (2018), A Terra dos homens-tigre (2019) e Algoritmia (2020), todos publicados na Amazon. Lucas Mota também produz o podcast Suposta Leitura.

 

Comentar

Responder

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Seja nosso parceiro2

Megaidea