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Literatura

Drácula de Bram Stoker – Resenha

Publicado

em

Por Igor Horbach

Drácula é um personagem muito famoso que todos já ouviram falar em algum lugar. Seja na escola, em histórias de terror, nos livros de histórias ou nos filmes populares. É esse personagem mortal e diabólico que nasce a cultura dark dos vampiros como a conhecemos hoje. A ligação forte da imagem dele com morcegos, lobos e castelos. A versão ao alho, ao sol e a água benta. 

Tudo isso surgiu em 1897 pelo autor irlandês Bram Stoker com um dos clássicos mais famosos do mundo, Drácula. O livro passou por inúmeras traduções e adaptações ao longo dos anos. Ganhou novos ares, novos personagens e até outras teorias. É impossível dizer que Stoker não criou um universo fantasmagórico propulsor de uma cultura consolidada até os dias de hoje. Até mesmo superstições culturais estão ligadas com o livro, como o ato de cuspir no chão para ‘afastar o mal’. 

A edição escolhida para ser lido nessa vez com 472 páginas e publicado em 2020 pela editora Nova Fronteira é perfeita para os amantes do gênero. A capa dura, os detalhes de abertura do livro e dos capítulos é impecável e minimalista, nos transportando para dentro de um diário, assim como a narrativa do livro. 

Stoker constrói toda a história e o universo narrativo com os relatos em diário dos personagens que vão à vivendo, parecendo ser uma história real. É essa verossimilhança com a vida real que faz o leitor se arrepiar em determinados momentos. A riqueza dos detalhes em sua escrita é angustiante em certos pontos, principalmente nos encontros dos protagonistas com o grande vilão, Drácula.

Inicialmente, somos transportados para uma viagem a trabalho de Jonathan Harker, que até então, estaria cobrindo um amigo doente. Até que John acaba chegando ao castelo do Conde Drácula, na Transilvania. Todo o mistério envolto do personagem antagonista é desenhado de maneira lenta pelo autor que consegue logo prender a atenção do leitor. A estranheza do Conde, a forma como fala, se relaciona com John, as saídas e entradas de forma suspeita e principalmente: o fato de nunca realizar as refeições. 

À medida que os dias passam, John começa a suspeitar do bom homem que se apresentou a ele, o que o motivo a explorar o espaço do enorme castelo, mesmo quando Drácula o pede para não o fazer. Conforme tenta vasculhar mais sobre quem é esse estranho homem, John começa a perder boa parte de sua sanidade mental a ponto de não saber mais o que se trata de sonho e realidade. 

Enquanto isso, o médico Dr. Seward, em Londres, começa a perceber e estudar com mais profundidade um de seus pacientes no sanatório, que adora comer moscas e dizer que ‘seu mestre está vindo’. Ao mesmo tempo que a esposa de John, Madame Mina, começa a suspeitar que algo está muito errado no comportamento de sua melhor amiga, Miss Lucy. 

Lucy está sonâmbula, tendo pesadelos e sendo perturbada por um enorme morcego, enquanto o Conde Drácula, acaba de chegar aos território inglês, deixando John sozinho, enlouquecendo até seu fim, dentro do castelo. É nesse momento então que outro personagem emblemático do livro e que originou muitas outras obras de diversos gêneros ao longo dos anos, surge: O professor Van Helsing. 

Van Helsing vem diretamente da Holanda a pedido do futuro noivo de Lucy para cuidar desse curioso caso, já que ele é especialista em situações como essa. Logo de cara, Helsing já sabe o que está acontecendo com a pobre Miss Lucy. a jovem está sendo vítima do Conde Drácula. Então, Helsing começa uma luta sagaz contando com a ajuda do Dr. Seward para combater o ‘próprio diabo’, como dizem. 

Ao longo da história, vemos o grupo, que depois de determinados acontecimentos que não convém citar aqui, aumenta gradativamente, incluindo com a participação de nosso protagonista, trava uma batalha incansável contra o maior mal que já viram antes na vida. Além de evitar que novos ataques de Drácula ocorram, o grupo precisa descobrir como ele escolhe suas vítimas, onde fica durante o dia e principalmente, como matá-lo. 

O livro é intercalado com a visão, ou melhor, o relato de praticamente todos os personagens conforme a história avança e suas participações aumentam. O fato de ser narrado em primeira pessoa, como a contação de uma história de um conhecido ou até mesmo de um avô, nos aproxima dos acontecimentos e dessas ‘pessoas’ que vivem todas essas situações traumáticas. Então, Bram Stoker, acaba conseguindo com facilidade atingir nossos sentimentos e despertar angústia, ansiedade, medo e felicidade pelos personagens. 

A cada novo capítulo somos ludibriados a continuar a desvendar os mistérios em volta do Conde Drácula junto com nossos personagens, mesmo que isso signifique vê-los sofrer na página seguinte. 

Talvez, a forma romântica de se narrar os fatos, o que não estamos mais acostumados a ler atualmente, torne o livro, para aqueles que como eu não tem o costume de consumir literatura clássica, um tanto maçante e preguiçosa. Contudo, não se trata de uma característica prejudicial para o andamento da história e a boa relação do leitor com ela. 

Drácula é um clássico e por que merece ser um. É uma obra completa, cheia de altos e baixos que traz à tona os motivos de autores contemporâneos não atingirem o mesmo nível: qualidade narrativa. É claro que outras características devem ser analisadas, mas se apropriando especificamente da questão narrativa, de ambientação, construção de personagens e de enredo. 

É uma ótima leitura para aqueles que adoram o gênero, sem estar com medo, uma vez que o livro não assusta e nos deixa tensos, como os clássicos de Stephen King. Possui um ar sombrio, mas na medida certa de quem tem medo. Porém, se você procura uma leitura rápida e leve para apenas distração da mente, ainda mais no período de férias, passe longe de Drácula. 

É autor, ator, dramaturgo e produtor brasileiro. Nascido em Tangará da Serra – MT, publicou seu primeiro livro aos 14 anos e o segundo aos 16. Em 2017 se mudou para Curitiba onde iniciou sua carreira de ator, produtor e dramaturgo. Em 2019, produziu e dirigiu a serie Dislike. Em 2020 publicou seu drama de estreia, Cartas para Jack. Em 2021 lançou a série de contos intitulada Projeto Insônia.

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