Literatura
Cinco Livros para comemorar o Dia da Literatura Brasileira
Por Vanessa R Ricardo
1º de maio, Dia do Trabalhador comemorado em todo o mundo também é dia da literatura brasileira, como fã de um bom livro e uma boa história, aproveito o feriado para indicar cinco obras que você precisa ter ou ler. A data foi escolhida em homenagem o dia de nascimento do escritor José de Alencar, autor de diversas obras da literatura clássica brasileira, como O Guarani, Senhora e Lucíola.
1. Holocausto Brasileiro de Daniela Arbex
No Brasil é muito comum que parte da história seja varrida para debaixo do tapete, estudamos mais a história de Roma, por exemplo, do que a nossa própria história. Eu particularmente gosto muito de livros reportagens, pois o jornalista aprofunda a história de um certo acontecimento. Em Holocausto Brasileiro – Genocídio: 60 mil mortos no Maior Hospício do Brasil, Daniela Arbex, conta em detalhes e entrevistas a história do Colônia, maior hospício do Brasil, localizado em Barbacena, Minas Gerais, onde em torno de 60 mil pessoas morreram. Grande parte das pessoas internadas, 70% não tinham diagnósticos de doença mental. Além do tratamento desumano, pois os “pacientes” passavam por sessões de eletrochoques e lobotomia, chegavam a comer ratos, bebiam água de esgoto ou urina. O Colônia foi um campo de concentração em pleno Brasil. E Arbex deu luz a essa história terrível que jamais deve ser esquecida. O livro recebeu varias indicações e prêmios, como o Melhor Livro Reportagem de 2013 pelo APCA, a obra também foi adaptada e virou o documentário Holocausto Brasileiro e lançado pela HBO em 40 países.
2. Quarto de Despejo de Maria Carolina de Jesus
Um livro mais que necessário e sempre está em minha lista de indicação. Quarto de Despejo – Diário de Uma Favelada, de Maria Carolina de Jesus, é um relato, um diário sobre a vida da autora e de seus filhos quando moravam na Favela do Canindé na Zona Norte de São Paulo. O livro publicado em 1960, vendeu 10 mil cópias em três dias. Em um ano já tinha vendido mais de 100 mil cópias. Apesar de ser uma obra escrita há mais de 60 anos, Quarto de Despejo, ainda é um livro atual, que relata sobre a fome, a pobreza e a sobrevivência na periferia.
Hoje Maria Carolina de Jesus, falecida em 1977, é referência de mulher negra, mas sua história passou por muito tempo esquecida, e hoje ela toma um lugar justo, como uma das grandes escritoras brasileiras.
3. Olhos D’água de Conceição Evaristo
Não ousaria fazer uma lista de indicações de livros e não colocar o nome da doutora Conceição Evaristo. Nas suas obras de poesia e prosa, a autora traz a vivência e o relato de mulheres negra no Brasil, abordando temas ligados ao racismo, violência, resistência e ancestralidade.
Em 2017 , lançou o livro “Olhos d’água”, que recebeu o Prêmio Jabuti de melhor livro. Conceição Evaristo reuniu na obra, 15 contos sobre mulheres negras que abordam histórias sobre a desigualdade social, a violência urbana, o amor e ancestralidade.
4. Corpo Desfeito de Jarid Arraes
Da lista de indicações a autora Jarid Arraes é a mais nova, nascida em Juazeiro do Norte, em 1991, é escritora, cordelista e poeta. Em 2019 ganhou o prêmio APCA e do prêmio Biblioteca Nacional com o livro “Um Buraco com Meu Nome”.
Corpo Desfeito é o romance de estreia de Jarid Arraes, e traz uma história impactante que relata sobre as consequências de abusos físicos e mentais no psicológico de crianças de adolescentes. Uma história profunda que torna o primeiro romance de Jarid, um livro inesquecível.
5. Torto Arado de Itamar Vieira Junior
Para fechar a lista escolhi um livro que me marcou, e é sem dúvida um dos melhores livros da literatura brasileira contemporânea. Torto Arado, romance lançado em 2019, escrito por Itamar Vieira Junior, vencedor dos prêmios Jabuti e Oceanos, conta a história das irmãs Bibiana e Belonísia, que após um grave acidente suas vidas estarão para sempre ligadas. Uma história, um romance que retrata um Brasil que parou no tempo, de um passado de escravidão.
No mês passado foi confirmado que Torto Arado vai virar série na HBO Max, a produção será assinada pelo diretor Heitor Dhalia, o mesmo do longa “O Cheiro do Ralo”. O que se sabe até agora, que a trama será dividida em três temporadas, já que o livro é divido em três atos. O roteiro da série já está sendo escrito por um time formado por cinco roteiristas, todas mulheres negras, encabeçadas por Luh Maza, roteirista da série Sessão de Terapia. As filmagens começam este ano e a produção ainda não data de estreia definida.