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Teatro

“Antes que Seja Tarde”: Uma obra indispensável ao mundo “líquido” contemporâneo

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Antes Que Seja Tarde. Crédito foto: Leonardo Talarico

por Leonardo Talarico

O Teatro possui inúmeras funções sociais. A melhor definição de ser humano é “aquele que esquece”. O quê? Os movimentos centrais da vida. E o artista como “ninfa” tem por escopo resgatar essa memória fundante dos elementos basilares.

O espetáculo “Antes que Seja Tarde”, adaptação da obra de Fabrício Carpinejar “Cuide dos pais antes que seja tarde”, dirigido por Delson Antunes e com atuação de Vânia de Brito, preenche com louvor a referida função, haja vista ocupar a sala com pilastras realmente estruturais na organização “antropológica” humana. Aos meus atores e atrizes sempre declaro, em síntese: “andar com liturgia; falar com esclarecimento”.

A obra de Carpinejar, com a competente teatralização, alcança as relações parentais de forma lúdica-simbólica. O texto é derramado como fonte de conhecimento a ser recolhido por frases e construções emblemáticas plenamente ajustadas a todos os presentes. Nada é indiferente. Toda a obra atinge o ser humano no campo da afetividade, mediante apresentação de tantos sentimentos envolvidos nas referidas relações.

A atuação da Vânia de Brito compreende a necessidade imperiosa da informação lúdica-afetiva (inclusive, morrer na coxia) e se entrega ao público alicerçada pelo excelente manejo de palco e contundente dramaturgia. O cenário minimalista orienta atenção direta a Vânia e se impõe repleto de adereços simbólicos. O desenho de luz, trilha sonora e figurino caminham no mesmo diapasão. Todos realizam o mesmo espetáculo e entregam à plateia a possibilidades de sair “melhor” após a apresentação.

Uma obra indispensável ao mundo “líquido” contemporâneo. Escolha corajosa diante de um mercado empossado por decisões meramente comerciais. Texto contundente, Teatro de ator e “produção de tablado”, repleta de garra e dedicação. Tive a oportunidade de conversar com a atriz antes e após o término da apresentação e a sensação do dever cumprido emociona. Como é importante os artistas decidirem levantar obras em primeira pessoa. Falar o desejado produz um pertencimento indisfarçável. O público abraça os pensamentos em posição de gratidão. Uma obra para ser vista e cuidadosamente aplicada no dia a dia de cada um de nós. Restam poucas apresentações e haverá data especial em auxílio ao Rio Grande do Sul. Conforme sabemos, uma virtude sempre puxa as demais. Parabéns aos envolvidos.

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