Cinema
Do CIC para o mundo: filme de estreia de Mano Cappu é premiado na França
por Vanessa R Ricardo
Em estreia internacional, o curta metragem Bença, escrito e dirigido pelo cineasta Mano Cappu, levou o prêmio PRIX COURTOUJOURS, concedido pelo Júri Estudantil Crous de Toulouse – Occitanie, no 36º Festival Cinélatino, de Toulouse, na França O evento criado em 1989, é uma das maiores vitrines do cinema latino-americano na Europa.
O filme que teve a sua estreia em 2023 no 25º Festival de Cinema Internacional no Rio de Janeiro, já passou pelo 16º Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul: África, Caribe e outras Diásporas, pelo 25º Festival de Cinema Kinoarte e também pelo 33º Festival Cine Ceará. O curta-metragem produzido pela CWBlack, a The Youth Company e Beija Flor Filmes, conta no elenco com Richard Rebelo (Antônio), Cássia Damasceno (Vera) e O Lulo (Rodrigo).
Bença conta a história de uma família que atravessada pelo encarceramento. Na cadeia a visita é sagrada. Antônio, esperando ansiosamente para ver sua esposa, Vera, fica sem chão, após ver seu filho Rodrigo, sair de uma das celas. A história é baseada em fatos reais. Mano Cappu, ficou preso durante 18 meses por um crime que não cometeu. Hoje, absolvido, o cineasta e rapper escreve sobre a sua vivência no cárcere.
“Bença se mistura muito com a minha vida, inspirado nesse momento de encontro com meu pai na prisão. O filme faz parte também do processo de cura, e também fala de amor e encontro. Bença vem muito num lugar de que eu vivi, e eu conto a minha própria vivência”, disse Mano Cappu.
O curta-metragem tem circulado por diversos festivais de cinema do Brasil e pelo mundo, e é o primeiro, da trilogia “Sobrevivente do Cárcere”, que será seguido por “Quando eu For Grande”, que já foi gravado recentemente em Curitiba e encerrando com o longa X 23, que está em processo de escrita. “Acabei de rodar o curta “Quando eu for Grande”, que também faz parte desse meu processo de cura. E o filme mostra uma mãe e um filho retornando para a casa, após um dia de visita na prisão. Neste segundo projeto, volto a trabalhar com Cássia Damasceno que assim como o ator mirim Miguel Basílio, arrasaram e tiveram uma entrega maravilhosa”, falou o diretor.
Mano Cappu está agora focado em finalizar a trilogia Sobrevivente do Cárcere, mas já têm planos para o futuro próximo. “Meu objetivo agora é concluir a trilogia, estou agora em processo de escrita do longa X 23. Meu desejo é colocar no mundo a trilogia completa. E depois, tenho a série Labirinto que está em processo de desenvolvimento, junto com uma sala de roteiro incrível, com Ana do Carmo, Gildon Oliveira e Gautier Lee. O projeto também conta com Aly Muritiba”, revelou Mano Cappu.
A próxima parada de Bença fora do Brasil, será no início de maio na 15ª edição do FESTin, festival de cinema da Língua Portuguesa em Portugal. Mas antes disso, o filme passará pelo 15º Festival da Fronteira, que acontece entre Brasil e Uruguai nas cidades de Bagé, Sant’Ana do Livramento e Rivera. “É muito importante circular com o filme para diferentes públicos e vendo a resposta percebo que estou no caminho certo. Muitos dos filmes que vi sobre o encarceramento são colocados de forma estereotipada, além de reforçar o racismo estrutural. A trilogia “Sobrevivente do Cárcere” é um olhar de quem esteve lá, preso. Entre meus objetivos está mostrar que a massa carcerária precisa ser vista com amor. Nem todo mundo que está lá, quer ser criminoso. Muitos querem apenas uma nova chance, um novo começo”, finalizou Mano Cappu.