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Todo ser humano é um “espetáculo” diante de uma plateia

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É chegado o momento do carnaval. Não terminou. Não até a próxima segunda-feira. Período para ficar em casa. Há muita “felicidade” nas ruas.

Sempre desconfio de movimentos de mão única. Sem vontade e contra-vontade. Quando só se pode ser feliz não se pode ser honesto. E o escapismo é a porta de entrada da esquizofrenia. Conforme lição do meu querido amigo Amir Haddad, citando o carnavalesco Joãozinho Trinta, é necessário carnavalizar o Teatro e teatralizar o Carnaval. Isso significa direção plural e não visão única à desatenção da vida.

O período carnavalesco, outrora um momento importante ao fomento da cultura popular, tem se alargado em um agressivo capitalismo de entretenimento. Óbvio ser ainda possível encontrarmos regionalismos ratificando e passando para gerações seus valores e costumes, mas nos grandes centros existe a unificação da experiência da diversão escapista.

Caminhemos para um fato purista: a cada ano, os camarotes precisam acrescer entretenimento para justificar os valores cobrados e vencer sua concorrência. Qual o problema? Depende do ponto de vista. Sob a perspectiva do livre comércio, nenhum. Sob a perspectiva da reverência artística às escolas de samba, muitos. E de todos, citemos a desatenção ao desfile, ao trabalho árduo de um ano comunitário com atenção dividida por show de fundo e a falta de compreensão dessa importante manifestação popular.

O carnaval de rua, em prosseguimento, não serve mais, obviamente guardada algumas exceções, para a genuína expressão cultural, mas para um happy hour do ano que se apresenta. E se olharmos o preenchimento cênico dos Teatros brasileiros encontraremos semelhante efeito. O distrativo. Que não é mais praticado apenas pelos já conhecidos capitalistas “maldosos”. Há muitos progressistas no mesmo barco. Enfim, “o pulso ainda pulsa”. Mas por quanto tempo? Conforme lição do mestre Jorge Ben Jor: “Carnaval foi triste pra mim. Carnaval foi triste pra mim. Então, sua voz emudeceu. A escola não sambou. E o morro não desceu”.

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