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Curitiba

Hospital Pequeno Príncipe inova no Natal e ameaça o show comercial do Bradesco?

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Por Igor Horbach

O espetáculo Papai Noel na Sumiçolandia estreou na programação natalina de Curitiba tendo como palco o histórico Hospital Pequeno Príncipe, importante cenário para a cidade. Produzido pela Labirinto Produções, a mega estrutura montada na frente do hospital precisou até mesmo alterar o fluxo da avenida Silva Jardim para acomodar o público. 

Infelizmente, a coincidência de datas com o espetáculo popular do coral do Palácio Avenida pode ter sido o fator determinante para o baixo público. Contudo, isso não foi páreo para uma apresentação inovadora, teatral, musical e incrível. É exatamente o que a programação natalina curitibana precisa há muito tempo. 

O show conta a história de dois elfos ‘malvados’ da Sumiçolandia que tentam acabar com o Natal e fazem uma poção mágica, o Chá de Sumiço, para que o Papai Noel desapareça. Após conseguirem o plano, os elfos e duendes do Polo Norte precisam encontrar crianças para trazerem o bom velhinho de volta. Assim, eles embarcam no biarticulado e chegam a Curitiba, encontrando Nicholas e Beatriz, crianças de um orfanato, que mergulham nessa jornada perigosa em busca do Papai Noel. 

Completamente diferente do Bradesco, a produção da Labirinto Produções tem o cuidado que toda apresentação de Natal precisa ter: história. E vai além disso, traz personagens construídos, com músicas originais e cenários capazes de nos mergulhar na história. Brinca com o que as crianças mais gostam ultimamente: tecnologia. 

Embora o show seja dublado pelo elenco, o que atrapalha na construção do universo da história, ainda sim é um espetáculo capaz de desbancar o saturado show do Bradesco. 

Por muitos anos, antes HSBC e agora Bradesco, o Palácio Avenida segue sendo um show grandioso e que atrai o público em massa, mas infelizmente, perdeu a essência que nos deixa com o brilho nos olhos. Simples e puramente por necessidade comercial da empresa que o realiza, deixando de lado o que Papai Noel na Sumiçolandia agarra e se apropria: o teatro. 

Mesmo que ainda com uma estrutura inferior, se comparado com a do Palácio Avenida, o show do Hospital Pequeno Príncipe tem poder suficiente para se tornar uma das grandes atrações da programação de Natal da cidade nos próximos anos se manter em sua essência tudo que trouxe neste ano. 

Os figurinos são excêntricos, uma ótima escolha para atingir o público alvo do show, mas não é tão cuidadoso na maquiagem que acaba sendo exagerada. Já as projeções e o cenário trazem uma ambientação perfeita que grandes espetáculos a céu aberto precisam, uma vez que nesses espaços é mais complexa a imersão do público diante de tantas informações diversas. 

Com trilha sonora original de Gabriel Vernet e Rodrigo Alonso, o show ultrapassa a produção do Bradesco, que já saturou com a mesma playlist tirada do Spotify. É com ela que Papai Noel na Sumiçolandia leva o público a vibrar e cantar junto e, portanto, fazer parte da história. 

O elenco possui um trabalho corporal excelente, sincronizado e muito bem desenvolvido, o que é uma necessidade para os personagens caricatos. Embora, não tenha sido agradável ver dois adultos interpretando crianças, uma vez que tais personagens poderiam facilmente ser interpretados por atores mirins. Essa escolha pode ter quebrado a magia do restante do elenco e da montagem. 

De maneira geral, o espetáculo merece ser visto pelo público. É uma inovação para o cenário curitibano que há muito tempo não passa de Bradesco e show de luzes nos parques e praças. É uma maneira nova de curtir a época do ano mais apaixonante. Espero que possamos ver por muitos anos, o Hospital Pequeno Príncipe sendo palco de shows natalinos cada vez mais potentes e grandiosos que tiram a coroa do Natal daqueles que não se importam mais com a teatralidade, ponto base, para os espetáculos. Se a Labirinto Produções seguir os moldes de Papai Noel na Sumiçolandia, apenas fazendo reajustes e melhorias necessárias a cada ano, poderemos ver um novo protagonista no Natal curitibano muito em breve.

É autor, ator, dramaturgo e produtor brasileiro. Nascido em Tangará da Serra – MT, publicou seu primeiro livro aos 14 anos e o segundo aos 16. Em 2017 se mudou para Curitiba onde iniciou sua carreira de ator, produtor e dramaturgo. Em 2019, produziu e dirigiu a serie Dislike. Em 2020 publicou seu drama de estreia, Cartas para Jack. Em 2021 lançou a série de contos intitulada Projeto Insônia.

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