Interaja conosco

Especial

Documentário sobre Dona Mide, a “fandangueira das Mercês”, estreia domingo no Youtube

Publicado

em

O documentário “Dona Mide – Mulher de Fibra do Fandango Paranaense” se propõe a contar a história de Dona Clemildes Ferreira Bahr, uma senhora negra de 83 anos, considerada a baronesa cultural de uma das manifestações mais populares do estado: o fandango. O projeto elaborado pelo produtor cultural Gil Rhodrigues e financiado pelo Fundo Municipal de Cultura de Curitiba tem sua primeira exibição marcada para o próximo domingo (13), no Youtube. O documentário irá ao ar em três diferentes datas e estará livre para acesso gratuitamente apenas por algumas horas após exibição.

A produção teve como base inicial uma pesquisa e um artigo publicados pela historiadora Célia Tokarski, além é claro, das próprias histórias relatadas pela personagem principal, a Dona Mide, como assim gosta de ser chamada. A direção está sob os olhos atentos da cineasta Helen Bastos, que a exemplo de Dona Mide, é uma mulher negra que vem se destacando no cinema regional com produções envolvendo questões afro-culturais. A filmagem tem assinatura de Max Olsen.

Como surgiu

Foi durante um evento em Curitiba, em março de 2018, no qual Dona Mide estava sendo homenageada, que o produtor cultural Gil Rhodrigues foi apresentado àquela que iria se tornar a personagem principal de sua nova produção. “Conversando com ela, Dona Mide me contou sobre o fandango, que essa cultura estava sendo esquecida no Paraná. Falou sobre o grupo na qual participa, o Meu Paraná, e da turnê que fizeram para outros países. Surgiu então, o interesse em registrar através desse documentário a história dela”, conta Rhodrigues.

O registro traz histórias vivenciadas pela costureira residente no bairro Mercês, em Curitiba, intitulada uma defensora do fandango em nosso estado. Alguns dos momentos mais marcantes na história de Dona Mide e que serão mostrados durante a exibição é o de sua origem simples e sua relação com a música. Nascida em uma família de músicos paranaenses como Palminor, o “Lápis” (seu irmão), e do músico Alexandre Carlos, o “Grafite” (sobrinho), Dona Mide chegou a participar de corais, compôs e gravou algumas canções.

Ainda sobre a relação familiar, outro ponto importante do documentário é buscar por meio de relatos de quem conviveu diretamente com Dona Mide, adentrar nas relações familiares e à partir dali compreender como foi a influência de seu pai, o cozinheiro Abelardo Rodrigues, quando em um navio em 1917, chegou à cidade de Antonina e se apaixonou por sua mãe, Dona Mariquina, onde tiveram seus oito irmãos.

No roteiro também se reconhece a profissão de costureira e bordadeira de Dona Mide, na criação de quadros com tecidos africanos e acolchoados com reciclagem de isopor de embalagem.

Dona Mide: a fandangueira das Mercês

O forte de Dona Mide é sem dúvida o fandango, algo muito presente em sua vida e que ela faz questão de falar em todas as entrevistas que concede aos meios de imprensa que a procuram. O apelido “Fandangueira das Mercês” surgiu justamente daí. Basta dar um “Google” com as palavras “Dona Mide” e “fandango” que o buscador vai mostrar um material diverso da relação dela com essa expressão artística muito presente durante a colonização da região litorânea do estado, em meados de 1750.

Apesar de sua paixão pelo fandango, Dona Mide só foi apresentada à essa cultura popular perto dos seus 30 anos, quando começou a frequentar o Centro de Tradições Gaúchas 20 de Setembro, ainda ativo no bairro Pinheirinho. Dali não parou mais! Ao notar que a tradição, resistente há mais de dois séculos não recebia o devido valor em nosso estado naquela época, resolveu fundar com o apoio do professor Irani Custodio Pinto, a Associação Tradicionalista Gralha Azul, seguido da criação do grupo Meu Paraná em 1987. Esse último rendeu diversas premiações em festivais pelo Brasil e chegou a ser apresentado também em Bruxelas, capital da Bélgica, entre outros países da Europa.

Reconhecimento

São mais de 30 anos que Dona Mide se dedica a manter viva a cultura fandangueira em nosso estado. E todo esse esforço rendeu à ela vários títulos, alguns deles são: em 28 de Março de 2012, quando foi reconhecida com o título de Membro Acadêmico Correspondente da Academia Soberana Brasileira de Artes do Estado do Rio de Janeiro, a ASBAERJ. No dia 21 de Abril de 2012, Dona Mide recebeu da Confraria Soberana da Ordem do Sapo, o título de Baronesa do Folclore. Em Curitiba, em março de 2018, foi lembrada na exposição 10 Mulheres Negras do Paraná como uma das personalidades que contribuíram para o fortalecimento da imagem feminina ativa e independente, em diferentes áreas de atuação.

Como ela mesma costuma dizer “o fandango não pode ser esquecido”. No que depender de Dona Mide, o fandango estará vivo e por muito tempo como forma de preservação e divulgação da Cultura Paranaense, que muitos ainda não têm acesso.

Serviço

O que: documentário “Dona Mide – Mulher de Fibra do Fandango Paranaense”

Quando:

Dia 13 de junho (Domingo) – às 19h (Disponível até meia-noite)

Dia 16 de junho (quarta-feira) – às 20h (Disponível até meia-noite)

Dia 19 de junho (sábado) – às 20h (Disponível até meia-noite)

Onde: No canal Max Olsen, no link: https://www.youtube.com/watch?v=YvsiWU8ypi4&feature=youtu.be

Comentar

Responder

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Seja nosso parceiro2

Megaidea