Teatro
Crítica a um espetáculo não visto
por Leonardo Talarico Marins
Ultrapassado o carnaval, iniciamos o nosso ano “letivo” cênico.
Obviamente, há espetáculos aqui e acolá em cartaz, mas o mês de março dá início à presença efetiva dos espetáculos nos tablados no Rio de Janeiro.
Meu prezado Carlos, que tive a honra de ter na plateia do meu espetáculo Anne Frank, a voz que se tem na memória, estreia no dia primeiro de março, no Teatro Fashion Mall, a obra Lotte Zweig, a mulher silenciada, com a atriz Hana Kolodny.
Não tenho, por hora, como lançar crítica ao espetáculo pela simples razão de não ter ocorrido a estreia, mas é importante, a despeito da obra, falar sobre Vereza.
Carlos Vereza traz à baila espetáculos sempre “em primeira pessoa”, no sentido de estar a serviço da sua plateia e pela indisfarçável necessidade de esclarecer sua plateia determinado ponto de vista histórico.
E o faz com financiamento próprio, ética, liturgia, talento e vocação.
Vereza sempre traz sua obra de vida, com relevância artística e social.
Na linha do meu prezado Amir Haddad, Carlos Vereza acredita no contador de história, no esclarecimento e na relação horizontal com a plateia.
A sua força para estar em cena, diante de tantos entraves burocráticos, é comovente e resgata a função antropológica Teatral.
Seu acabamento é a palavra, o Teatro de ator.
Amir pondera que a função do Diretor Teatral surge na desistência do ator. E Vereza jamais desistiu.
Um ser humano que morre na coxia e é um dos pilares das artes cênicas.
A obra resgata a honra de um relevante casal e lança sérias dúvidas quanto ao discurso oficial.
Desafia o sistema e luta pela verdade real tão consagrada no direito processual penal.
Logo voltaremos com a crítica da obra, mas, sobretudo, diante de tudo ao redor, é preciso reverenciar homens como Vereza.