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Teatro

Armazém Companhia de Teatro traz o resgate do protagonismo dos artistas

Publicado

em

por Leonardo Talarico

Esses dias assisti novamente “Neva”. No FEED do meu instagram tem a minha crítica sobre o espetáculo da Armazém Companhia de Teatro. Dessa vez desloquei meu olhar à coxia. O Teatro detém multiplicidade de deslocamentos cênicos. Olhares e fazeres distintos encorpam os elementos artísticos e constroem identidade nacional. Entretanto não podemos cerrar olhos às falsas narrativas pós-modernas propaladas para manter uma obra de pé.

O discurso tem por escopo construir uma realidade cênica inexistente. A boa gastronomia, por exemplo, decorre da eficaz presença humana no manejo dos ingredientes. É a detecção da realidade (e não a linguagem contraposta à natureza).

O Teatro – obra coletiva – possui na esfera companhia uma característica antropológica. E assistir aos trabalhos da Armazém Companhia de Teatro é um assentamento nos princípios caros do nobre ofício. A distribuição do labor, a escolha do repertório, a assinatura de cada realização produz aterramento na essência das artes cênicas. Dessa vez, em outro tempo, observei “Neva” mediando novos propósitos.

A honestidade intelectual e capacidade coletiva da companhia educa (ou expurga) deslumbrados, egóicos e desavisados acerca da liturgia teatral. O modus operandi da Armazém apresenta o Teatro batalhado, esculpido, estruturado na “verdade real” da natureza. É porque é. Não é porque não o é. E talvez o seja. Teatro de resgate do protagonismo dos artistas. O diretor não opera na desistência do ator e atriz, mas na confluência de ideias e saberes de forma colaborativa. Teatro raiz na veia. Todos com cara de Teatro. Todos com cheiro de Teatro. Todos com energia mineral de Teatro. Todos horizontalizados, esclarecedores, fincados nas vigas teatrais de outrora. Exercício bem distante das realizações assépticas, burguesas e ilusórias (entretenimento).

“Neva” representa semestre estudado nas pífias escolas teatrais conteudistas. Ator relevante vendendo ingresso, atriz relevante recolhendo ingressos, outros relevantes atores fazendo valer cada ingresso, direção em operação de luz e som. Um deleite. Durante anos dirigi companhias de teatro e até hoje não deixo esse sabor escapar da boca em todos os meus processos de direção, preparação e formação. É necessário voltarmos os olhos às Companhias de Teatro. Inobstante todo meu respeito aos atores midiáticos, de obras isoladas e oportunas, como singles lançados nas plataformas musicais, são as companhias de linguagem as criadoras de álbuns com lado a e lado b. Livro que edifica (de pé). Vida longa à Armazém Companhia de Teatro.

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