Música
MISTURA FINA – Cristina El Tarran – Da MPB ao jazz! Simples assim!
Por Giseli Canto
Ela é a elegância no jazz, o salto alto da MPB, a voz que traz o repertório dos exigentes ouvidos de Curitiba. Seus registros falam por si. Um vibrato médio e equilibrado, uma voz suave sem os excessos do modernismo. Ela fala para os ouvintes das músicas que estão resistindo ainda em meio ao repertório invasivo que insiste em perturbar os ouvidos mais sensíveis. Cristina El Tarran se apresenta na noite curitibana sempre acompanhada de grandes músicos. Seu convívio com a música se deu desde sempre porque sua família era de músicos, de tocarem em casa como quem bebe um vinho no jantar. Conta com muita emoção, com os olhos marejados, que quem deu a primeira oportunidade para se tornar uma profissional foi, ninguém mais que, Tatára, o ícone da música de Curitiba que com sua generosidade, deu oportunidade a tantos músicos e coloriu a cidade cinzenta e, hoje, chorar falando dessa personalidade, João Gilberto Tatára, virou pleonasmo.
Imaginem que casa alegre e que delícia ser musicalizada onde se tocava e se ouvia música como num filme, em que a mãe era pianista, o avô sapateava, a tia fazia música para novelas, um primo sonoplasta, a presença do grande Waltel Branco em casa desde de sua infância e as festas semanais com todo esse elenco. Só podia se tornar essa artista que soube aproveitar as oportunidades, que ainda hoje aparecem.
Cristina não se diz cantora de jazz, mas é ela que nos traz os standars nas noites elegantes da Curitiba alinhada. Os desafios que enfrentou fez dela uma cantora profissional, com repertório para os ouvidos mais exigentes. Tem resistência quando se fala de técnica vocal, escalas que levam para o palco uma música fria e sem emoção. Aprender música em sua infância era obrigação, estudou piano, mas sempre preferiu confiar em seus ouvidos e levar ao público o sentimento antes da técnica. Nunca compare Cristina a outras cantoras porque cada um tem seu estilo, só que estilo sem emoção não é música é apenas técnica, diz ela.
Cantar sempre foi desafiador. Certa vez foi provocada a montar um repertório para se apresentar e como não resiste a uma provocação, cumpriu a proposta que hoje agradece, porque a fez crescer como cantora e receber vários convites de trabalho. As oportunidades foram muitas e ela nunca evitou o aprendizado que a noite lhe oferecia. Frequentava lugares com música ao vivo para aprender, a exemplo do Saul Trumpet Bar, lugar de grande escola musical pra ela e pra tantos outros.
Durante um tempo viveu apenas de música, numa época que existiam as propagandas, os jingles, os grandes restaurantes cheios, os bares em pleno sucesso e o jazz, a Bossa Nova e a MPB tinham muito espaço, mas tudo isso foi reduzindo aos poucos, uma nova onda tomou conta e hoje temos bem poucos lugares para se ouvir esse repertório. Para quem ama a música brasileira, Cristina gravou composições que trazem o conceito jazzístico.
Há controvérsias, porém, nem tudo são flores para artistas. Acredito que a grande maioria dos músicos e cantores, que tocam em bares e restaurantes, já passaram pelo desconforto da condução, algumas vezes, equivocada de proprietários ou gerentes de estabelecimentos que acreditam que, o repertório deve ser sempre de música “animada”. Entendo que “música animada” esteja no entretenimento e na música “mecânica” que é escolhida para aquele fim. Como reféns daqueles que não captam o repertório inteligente, artistas seguem alternando músicas para contentar o estabelecimento e manter seu local de trabalho e assim, continuar sobrevivendo. Não é assim com Cristina – canta o que entende ser música de qualidade.
A cantora tem registros que podem ser acessados em seu canal como, Cristina El Tarran interpreta Milo Vargas. Em projeto recente da Lei de Incentivo, estão incluídos três videoclipes, dois já lançados e outro a ser lançado. Todos têm a direção e a participação da internacional Flora Purim e Airto Moreira, que acreditaram e apostaram suas fichas. O primeiro Flora canta com ela e ao final desses vídeos você assistirá um minidoc, onde Flora Purim discorre seu envolvimento com Cristina e suas qualidades por ela encontradas. Algo que não podemos perder, porque ouviremos a opinião de quem, por meio de um pool de críticos, foi considerada a melhor cantora de jazz dos EUA por quatro anos sucessivos (de 1974 e 1977), em parte como instrumento de pressão para sua libertação, mas principalmente por seu real talento.
Flora Purim hoje reside em Curitiba ao lado de Airto Moreira e, apesar dessa máxima, desse princípio aceito mundialmente de ser considerada a melhor, a cidade pode se sentir privilegiada por ter tão nobres artistas caminhando e vivendo em seu solo. Flora e Airto frequentam a noite e os shows em Curitiba, o que muito nos orgulha pelo respeito e deferência à cidade. O amor que Cristina El Tarran nutre por esses dois artistas está estampado nessa obra que deixo aqui para que você, assim como eu, experimente a liberdade de ser música.
Assista Cristina El Tarran canta: “Partido Alto” – Flora Purim/José Bertrami/Alex Malheiros.
Participação especial de Flora Purim e Airto Moreira
REFLEXÃO
Entendo que existe uma certa dificuldade em falar sobre o jazz. Alguns críticos já esboçam essa discussão como difícil. Talvez você possa, com mais segurança, dizer se é um gênero, um estilo ou um conceito, ou talvez, tudo isso. Acredito até que isso não seja importante para muitos e que ouvir apenas seja o suficiente. Posto que, esse dilema eu entenda, não sou capaz de entender a postura de profissionais da música que se incomodam com outro profissional atuando de forma agradável, que tem seu público fiel e conquistado por esse ou aquele motivo. Os questionamentos que são feitos por alguns e que soam de forma invejosa e cruel, estacionam no abismo profundo, pois estão em queda livre rumo ao fracasso. O artista trabalha da forma que consegue e que encontra para levar o melhor ao seu público. Vibrar em favor do outro só nos traz benefícios, harmonização, competência e desenvolve um fluxo de amor e respeito infinitamente positivo para nossa vida. O contrário só nos faz mostrar o que temos de pior e desabrochar a parte mais desprezível do ser humano.
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Saiba mais sobre Cristina El Tarran
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Você poderá discordar, perguntar, não entender direito, mas precisa gostar de estar aqui comigo! Do contrário não vale a pena!
Espero você aqui na próxima!
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