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Teatro

Teuda Bara morre aos 84 anos e deixa legado fundamental para o teatro brasileiro

Teuda estava internada desde o dia 14 de dezembro no Hospital Madre Teresa e faleceu em decorrência de uma septicemia, com falência múltipla dos órgãos.

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Foto: Matheus Lustosa

Morreu nesta quinta-feira (25), em Belo Horizonte, aos 84 anos, a atriz Teuda Bara, uma das fundadoras do Grupo Galpão, uma das companhias de teatro mais importantes e longevas do Brasil. A morte foi confirmada pela assessoria do grupo. Teuda estava internada desde o dia 14 de dezembro no Hospital Madre Teresa e faleceu em decorrência de uma septicemia, com falência múltipla dos órgãos.

Nascida em Belo Horizonte, em 1941, Teuda Bara cresceu em um ambiente profundamente ligado à música e à arte. Era filha do major do Corpo de Bombeiros Augusto Mário França Fernandes, que criou a família tocando trombone de vara, e de Helena Magalhães Fernandes, enfermeira, cantora e parodista. Apesar da forte inclinação artística desde cedo, Teuda nunca frequentou cursos formais de formação teatral.

Aos 30 anos, estudava Ciências Sociais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde passou a atuar no teatro-jornal do Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. No terceiro ano do curso, abandonou a graduação para se dedicar integralmente ao teatro, iniciando sua trajetória profissional ao lado do diretor Eid Ribeiro. Fundou o grupo Fulias Bananas e, após assistir à apresentação belo-horizontina de Ensaio Geral do Carnaval do Povo, seguiu para São Paulo para trabalhar com José Celso Martinez Corrêa, no Teatro Oficina.

Um ano depois, retornou a Belo Horizonte e, no início de 1981, inscreveu-se na oficina de teatro dirigida pelos alemães George Froscher e Kurt Bildstein, integrantes do Teatro Livre de Munique. A experiência deu origem ao Grupo Galpão, do qual Teuda se tornaria uma de suas figuras centrais e mais emblemáticas, atuando na maior parte dos espetáculos da companhia ao longo de mais de quatro décadas.

No início dos anos 2000, Teúda viveu entre Montreal e Las Vegas, a convite do diretor canadense Robert Lepage, integrando o elenco do espetáculo “K.Á.”, do Cirque du Soleil. De volta ao Brasil em 2007, retomou a intensa atividade artística ao lado do Galpão, em montagens que circularam por teatros, ruas e praças do país.

Em 2015, estreou o espetáculo “Doida”, produção independente encabeçada pela própria atriz, na qual divide a cena com o filho caçula, Admar Fernandes. No cinema, participou de produções de destaque como O Palhaço, de Selton Mello; La Playa D.C., de Juan Andrés Arango; As Duas Irenes, de Fábio Meira — filme brasileiro selecionado para o Festival de Berlim em 2017 —, além de Órfãs da Rainha, de Elza Cataldo. Pelo curta-metragem “Ângela” (2019), da cineasta mineira Marília Nogueira, recebeu o Troféu Candango de Melhor Atriz no Festival de Brasília.

Em 2019, estreou o solo “LUTA”, de caráter autobiográfico. Durante a pandemia, realizou o espetáculo virtual “Queria Teatro” (2020), a convite do Sesc São Paulo, em sua segunda parceria com o filho Admar Fernandes. Também integrou o elenco do longa “O Lodo”, de Helvécio Ratton.

Entre os inúmeros reconhecimentos, Teúda Bara foi uma das vencedoras da primeira edição do Prêmio Paulo Gustavo de Valorização do Humor e da Comédia, em 2023, e uma das grandes homenageadas do 33º Prêmio Shell de Teatro, ao lado da atriz Léa Garcia. Em 2024, foi lançado o curta-metragem “Ressaca”, dirigido por Pedro Estada, estrelado por Teúda e inspirado no livro Teúda Bara: Comunista demais pra ser chacrete. Já em 2025, recebeu o Grande Colar de Mérito Legislativo, honraria concedida a personalidades que marcaram a história de Belo Horizonte.

Na televisão, participou de produções como a novela “Meu Pedacinho de Chão”, de Luiz Fernando Carvalho, e da série “A Vila”, estrelada por Paulo Gustavo.

O velório da atriz será realizado na manhã desta sexta-feira (26), no Palácio das Artes, no centro de Belo Horizonte. Teúda Bara deixa um legado artístico incontornável, marcado pela ousadia, pelo humor, pela experimentação e por uma profunda conexão com o teatro popular brasileiro.

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