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As verdades factuais para desmantelar o Bolsonarismo

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Por Igor Horbach

Antes de iniciar o texto é importante ressaltar que essa é a segunda parte dele. A primeira está disponível aqui.

 

A DISSONÂNCIA COGNITIVA COMO REFLEXO DA LOUCURA ALHEIA

O conceito que vou me apropriar nesse texto para tentar explicar o bolsonarismo no Brasil surgiu nos EUA em 1957 com o professor e psicólogo Leon Festinger da New School for Social Research. O conceito gira em torno dessa hipocrisia do ser, onde os seus pensamentos e crenças (ideologias, religião, cultura social etc) contrapõe com seus atos na prática. 

O exemplo mais claro que tivemos essa semana foi a choradeira dos bolsonaristas quando estavam presos e clamavam por direitos humanos, sendo que são os mesmos que levantaram meses ou anos antes cartazes com “abaixo os direitos humanos”. 

Como dito no texto passado, a classe dominadora (burguesa) juntamente com seus bobos da corte da política instauraram os 3 fenomenos da Retórica do Ódio (Anafalbetismo Ideologico, Idiiotia Erudita e Lógica da Refutação) e isso causou um colapso no desenvolvimento da cultura social que existe em toda sociedade, não só Brasileira como no mundo todo. A forte progressão de pensamento que rompeu o conservadorismo por um longo tempo e que ano após ano vinha se aperfeiçoando foi estagnado e repudiado com esses fenômenos em operação. 

Essa manobra psicológica é uma ditadura silenciosa que escraviza o ser em seu pensamento. Apesar de sentir forte aversão por quem propaga, dissemina e realiza atos como o do último dia 08, ainda olho para essas pessoas e penso: a que nível de hipnotização ela se permitiu chegar. 

A retórica do ódio faz isso com as pessoas. Ela transforma todos em inimigos através da desinformação e a fachada do ‘fim do mundo’. Os dominadores se apropriam das crenças particulares de uma população para instaurar o medo. Quantas passagens bíblicas sobre o apocalipse, as trombetas dos anjos, as supostas ordens de Deus para exterminar outros povos etc, que apenas servem para alimentar e intensificar os discursos de ódio. 

 

AS VERDADES FACTUAIS PARA DESMANTELAR O BOLSONARISMO

Como uma pirâmide construída por cartas de baralho, o pensamento bolsonarista é extremamente frágil. Eles não possuem argumentos plausíveis pautados em verdades, apenas em suposições ou mensagens encaminhadas via Whatsapp/telegram. Chamam tudo e todos que ofendem seu mito de “ladrão” e “comunista”, mas não buscam se aprofundar em nada.

Nos enganamos fortemente e perigosamente quando pensamos que devemos deixar essas pessoas pra lá, conviver harmonicamente como se nada fosse e é isso. Não. Precisamos contestar, fazê-los pensar, implantar a pulga atrás da orelha através de verdades factuais. Para o professor Guilherme Terreri, o avanço do Fascimo é um freio de emergência do Capitalismo quando o ciclo de evolução dele começa a se colapsar. Quando olhamos para o mercado desenvolvimentista percebemos isso nitidamente. Tudo já foi criado, feito, desenvolvido. Desde carros superpotentes, os melhores celulares, jatos supersônicos e tantas outras evoluções que são comercializadas que todos os laboratórios e obviamente, a classe burguesa (que banca tudo isso) entra em estado de choque, sem saber para onde correr e o que fazer mais. Então, antes que suas ações monetárias comece a retroceder, é melhor instaurar estado de calamidade pública, assim a grande massa não consegue perceber a falta da evolução que é ‘forçada’ a parar por um tempo. 

Isso aconteceu com força após a Primeira Guerra Mundial, o que chegou a culminar na Segunda Guerra Mundial. O neonazismo não nasceu na Alemanha, mas se fortaleceu e se propagou nela. Esses pensamentos são pré-históricos e sempre estiveram com os humanos em sua natureza mais profunda e isso levou a quase extinção de nossa especie diversas vezes ao longo dos anos. 

Vemos essa massa crescer à medida que a burguesa injeta mais fermento. É extremamente lucrativo para essa gente que tenha o caos entre a classe dominada, assim, eles apenas consomem ao invés de reivindicar direitos e questionar inquisições de poder. 

 

A SEITA BOLSONARISTA

A palavra seita pode parecer pesada demais, mas é essa a intenção dela. Tais pensamentos pesam quando vemos os dois universos que vivem na mesma sociedade. E não digo no sentido de pensamento, mas de ações. 

O termo Bolsonarismo traz consigo o movimento ideológico ultra conservador, fascista e neonazista, pois tem como adoração à morte. A deputada Carla Zembelli sacar uma arma no pleito eleitoral, o assassinato do membro do PT em Foz do Iguaçu e até mesmo aquela briga familiar com seu tio por causa do Bolsonaro é uma pura e singela adoração a morte alheia em todos os sentidos da palavra. A morte social, a morte pessoal e a morte humana. 

A morte social, pois excluem e desejam o pior para o ser humano alheio que não pensa da mesma maneira. Desejam que quem votou em outros candidatos morram de fome, morem na rua e ainda pedem para que façam o L (analogia ao presidente eleito democraticamente Lula). 

A morte pessoal porque há a forte opressão de reduzir os pensamentos que o contrapõe a insignificância social. Portanto, para nós (que não somos neonazistas), é como se nossas opiniões e convicções, ou seja, nossa personalidade, não fosse relevante e com ela, tal existência. 

A morte humana, pois o bolsonarismo mata todos os dias. Mata de fome, mata na rua e mata com sangue. Nas favelas e para os pobres e pretos da periferia esse genocidio é uma avalanche. Em uma pandemia, isso também se escancara. A troco, tivemos 700 mil mortes. 

“Só que o Estado brasileiro nunca precisou de uma guerra porque ele sempre foi a gestão de uma guerra civil não declarada. Seu exército não serviu a outra coisa que se voltar periodicamente contra sua própria população. Esta é a terra da contrarrevolução preventiva, como dizia Florestan Fernandes. A pátria da guerra civil sem fim, dos genocídios sem nome, dos massacres sem documentos, dos processos de acumulação de capital feitos através de bala e medo contra quem se mover. Tudo isso aplaudido por um terço da população, por seus avós, seus pais, por aqueles cujos circuitos de afetos estão presos nesse desejo inconfesso do sacrifício dos outros e de si há gerações. Pobres dos que ainda acreditam que é possível dialogar com quem estaria nesse momento a aplaudir agentes da SS.” (Vladimir Saflate em Bem vindo ao Estado suicidário)

Por último, mas não menos importante, é imprescindível que percebamos que a pessoa física de Jair Messias Bolsonaro é apenas um amuleto nessa chave. Não é sobre ele, um deputado, ex-militar, que subiu no cargo do poder e fama e se tornou presidente (o pior de todos o tempo, por sinal). É sobre o pensamento neonazista que daqui alguns meses terá como referência imagética na grande mídia outra pessoa. Michelle Bolsonaro, Damares Alves, Carla Zambelli etc? Talvez. 

A melhor e talvez única maneira de lidar com os seguidores dessa seita quase que satânica e muito longe das filosofias do Deus do amor, é encontrar furos narrativos em seus discursos fascistas e políticos. Questioná-los com fatos e verdades comprovados. Colocá-los contra a parede quando nota-se a dissonância cognitiva de seus atos e pensamentos. Não é brigar e revidar com ódio, mas com verdades e fatos que desmoronam as mensagens do telegram e principalmente, os discursos rasos, imaturos e de forma mais clara: burros. 

Concluindo todo o pensamento, é importante que aqueles que não são antidemocráticos, aqueles que respeitam o resultado das eleições, que sabem das verdades e principalmente, não se deixam levar por tais discursos de ódio e são contra o neonazismo, se coloque à disposição nessa luta contra o crescente movimento facista e, obviamente, de assassinos. Caso contrário, vidas continuarão sendo ceifadas em seus âmbitos mortais até que nossa liberdade de existir seja derrubada com vetos e consequentemente, nossas vidas sejam arrancadas. A democracia não está enfraquecida, mas está doente e precisa que todos os que a adoram e sabem que é impossível a existência da vida humana sem ela, se coloque para a luta. Luta essa não armada, mas intelectual, princípio que os adoradores e seguidores de tal seita são desprovidos. 

 

 

REFERÊNCIAS: 

VÍDEO: “A Democracia é uma luta constante” – Canal Tempero Drag (https://www.youtube.com/watch?v=cK8GmfqY9ek&t=1242s )

VÍDEO: “Guerra Cultural e a retórica do ódio” – Canal Tempero Drag (https://www.youtube.com/watch?v=C1pxtNjLPVI )

VÍDEO: “Dissonância cognitiva e verdade factual” – Canal Tempero Drag (https://www.youtube.com/watch?v=fltNdcFsYcM )

ARTIGO: “A miséria, a economia e a fé” – Rita Von Hunty (https://www.cartacapital.com.br/opiniao/a-miseria-a-economia-e-a-fe/ )

ARTIGO: “Bem vindo ao estado suicidário – Vladimir Safatle (https://arlindenor.com/2020/03/27/bem-vindo-ao-estado-suicidario-vladimir-safatle/ )

ARTIGO: “Por trás do engodo do Brasil quebrado” – Paulo Kliass (https://outraspalavras.net/mercadovsdemocracia/por-tras-do-engodo-de-brasil-quebrado/ )

PODCAST: Café da manhã – Episódio “A destruição bolsonarista em ataque aos três poderes” – Folha de São Paulo. (https://open.spotify.com/episode/4z3pvSZHcb2D45s1wdyPsi?si=uFSwxn_lTpCNWXUjCm7OGA&utm_source=whatsapp )

 

É autor, ator, dramaturgo e produtor brasileiro. Nascido em Tangará da Serra – MT, publicou seu primeiro livro aos 14 anos e o segundo aos 16. Em 2017 se mudou para Curitiba onde iniciou sua carreira de ator, produtor e dramaturgo. Em 2019, produziu e dirigiu a serie Dislike. Em 2020 publicou seu drama de estreia, Cartas para Jack. Em 2021 lançou a série de contos intitulada Projeto Insônia.

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