10 perguntas para a banda Anacrônica

foto: Hector Bradasch

Figurinha carimbada do rock curitibano, a banda falou com exclusividade ao Jornal A Cena sobre novo single e show de sábado (01/02) no Bowie in Brasa

Por Maria Eduarda Schwab

A banda Anacrônica, conhecida na cena independente pelas performances enérgicas e potentes, se prepara para subir ao palco do Bowie in Brasa no próximo sábado com a expectativa lá no alto. Com um histórico de apresentações intensas e uma conexão especial com o The Bowie Bar, onde o baixista Marcelinho França também é sócio, o grupo promete uma noite de muita energia e celebração.

Para eles, tocar no Bowie é como estar em casa—não só pelo ambiente cheio de amigos, mas também pela vibração do público, que sempre comparece em peso para cantar junto.

O evento Bowie in Brasa, que chega à quarta edição se consolidando como um dos mais importantes da agenda cultural da cidade, reforça o compromisso do bar em priorizar a qualidade musical sem cair na pressão de fórmulas prontas.

Além do show, a Anacrônica está de volta ao estúdio com um novo single a caminho. “Esta Manhã” traz um toque de power pop romântico e dançante, carregado da identidade sonora que o público conhece como marca registrada da banda.

A produção ficou por conta de Bruno Sguissardi, guitarrista do grupo, que desta vez assumiu a missão de lapidar o som da Anacrônica com uma baita experiência acumulada ao longo dos anos.

Esse retorno às gravações marca um novo capítulo para os quatro, que completam duas décadas de trajetória juntos. Depois de um período mais contido, eles sentem que chegou a hora de voltar a contribuir para a música com a mesma paixão de sempre. Afinal, como eles próprios dizem, “o amor é o único caminho”.

1. Qual a expectativa para tocar no Bowie in Brasa?

Bruno Sguissardi: Sempre as melhores! Esperando a galera em peso pra cantar nossas canções com a gente, celebrar a vida, a música e a amizade.

2. Como é tocar no Bowie, onde vocês têm uma conexão mais íntima, já que o Marcelinho é um dos sócios do bar? Existe alguma diferença no clima do show em comparação a tocar em outros bares ou eventos? Como essa relação com o espaço influencia a experiência da banda e do público?

Sandra Piola: Talvez pro Marcelinho seja diferente, afinal ele assume ali uma função dupla. Para o resto da banda independente de tocar ou não, sempre é legal estar no Bowie, pois tem sempre gente conhecida e a gente se sente realmente em casa.

3. Para quem ainda não conhece o evento, o que vocês acham que ele representa para a cena musical curitibana?

Bruno: Então, independente desse evento específico, acho que a postura do Bowie enquanto bar sempre corajosa, onde a preocupação com a qualidade das apresentações musicais acaba vindo antes da paranoia de agradar um público “X” ou “Y”…

Sandra: Ao meu ver, isso justifica o sucesso do bar e o fato de estar se tornando um dos principais espaços de música autoral da cidade.

Marcelinho França: Posso falar com outra visão: a visão de quem está, também, organizando o Bowie in Brasa. E o que eu sinto é que nas primeiras edições nos preocupamos em reunimos apenas o melhor, e acredito que ficamos viciados nisso. [risos] O evento cresceu, mantendo a missão de oferecer um lugar na cidade onde todos – de todas as idades – podem se divertir. E, sem falsa modéstia, acredito que estamos conseguindo.

4. Ouvi dizer que está vindo novo single. O que vocês podem nos contar sobre ele?

Bruno: Uma música linda chamada “Esta Manhã”, um power pop romântico e ao mesmo tempo dançante para machucar os corações mais sensíveis… Provavelmente não faremos videoclipe dessa vez, afinal o mercado da música mudou muito nos últimos tempos e fazer um videoclipe hoje, é algo que acaba não dando um retorno que faça sentido se equipararmos ao investimento que necessita para a realização do mesmo.

Marcelo Gordo Bezerra: A não ser que pinte uma ideia simples e que nos pareça brilhante no meio do caminho…. tudo pode acontecer!

5. Há quanto tempo vocês não lançavam algo novo? E como está sendo essa sensação?

Sandra: Participamos de duas coletâneas fazendo tributo a outros artistas nos últimos anos, porém, nosso último trabalho autoral lançado foi em 2015, ou seja, 10 anos! Hoje nos sentimos mais maduros e mais contidos no que diz respeito a criar expectativas…

Bruno: Sim, verdade,… houve muita dedicação para realização desse novo single, um empenho muito forte para realizar a coisa da melhor forma possível mesmo, e no final ficou do jeito que achamos que iria ficar, algo que acima de tudo nos agrada muito e nos enche de orgulho, daí pra frente, o que tiver que vir, virá.

6. Houve alguma inspiração especial ou foi uma ideia que surgiu de maneira orgânica entre vocês?

Marcelinho: Trata-se de uma música que nosso guitarrista, Bruno Sguissardi (que na verdade toca piano na faixa rs), já havia composto há alguns bons anos, então um pouco antes da pandemia, começamos a trabalhar ela. Ela ficou parada algum tempo em função de muitas mudanças que, não só nós, mas o mundo todo sofreu de lá pra cá, e ano passado decidimos que seria uma hora oportuna para termina-la e lançar.

7. Pensando em tudo que vocês já produziram até agora, qual a diferença em termos de abordagem e produção desse material comparado aos anteriores – videoclipes, músicas e lançamentos?

Bruno: Essa é a primeira música oficial da banda onde eu assino a produção musical….

Sandra: É, depois de trabalhar com nomes como Relespública, Pelebroi não Sei, Criaturas, Capone, Olívia Yells, Terminal Guadalupe, entre vários outros, chegou a nossa vez de poder desfrutar de ter um produtor na banda rs!

Marcelinho: O Bruno não poupou esforços e muitas horas de trabalho para que a faixa ficasse como ficou, ou seja, exatamente como gostaríamos. Estamos muito felizes de poder manter a qualidade do que sempre conseguimos entregar, dessa vez de forma total independente.

Gordo: Acreditamos que essa música seja uma continuação do que a gente sempre fez enquanto banda e no que diz respeito a nossa assinatura artística, alguns amigos que a gente tem mostrado a música tem feito o mesmo comentário: “Nossa, essa música tá parecendo muito Anacrônica”. rs

8. Vocês estão na estrada há bastante tempo, já são considerados veteranos, rs. Como a dinâmica da banda mudou ao longo dos anos, tanto em termos musicais quanto pessoais?

Sandra: Todos sabem que o tempo pesa, a vida vai mudando e tomando uma forma que nem sempre temos como controlar. A banda esse ano completa 20 anos de existência, sendo os primeiros 12 anos dedicados 100% a banda. Todo o resto da vida vinha em segundo plano, a banda sempre foi o primeiro.

Bruno: é… e passamos por praticamente todas as situações em que uma banda independente pode passar nesse tempo, porém há uns 8 anos, resolvemos nos dar a chance de pessoalmente poder fazer coisas que tínhamos vontade, para cada integrante, além da banda… e assim foi.

Marcelinho: Passamos por uma década muito complicada pra quem vive de música independente (década de 2010), principalmente fazendo Rock, e agora vemos que está na hora de voltarmos a contribuir para o mundo através das nossas canções, e claro, sempre movidos pelo amor a música, sem esse nada faz sentido.

9. Ao longo dos anos, alguns de vocês se tornaram pais, como o Marcelo, que é pai da Amelie, e o Bruno e a Sandra, que têm o Noah. Como essa experiência de paternidade/maternidade impactou na banda? A chegada dos filhos trouxe alguma inspiração nova ou mudanças na dinâmica de como vocês fazem e vivem a música hoje?

Marcelinho: Acredito que muda tudo, a visão do mundo muda, a forma como você olha cada detalhe da vida e a adrenalina de saber que no ato de criar um filho, se não houver o exemplo antes de qualquer coisa, pode ser tudo em vão. Ter filho é saber que a partir dali você se torna o segundo plano pra tudo.

10. Há algo que vocês querem falar que não foi perguntado nem mencionado?

Em nome da banda: Não podemos perder tempo odiando as coisas e as pessoas, precisamos simplesmente tentar fazer de fato o nosso melhor. O amor é o único caminho.