Teatro
Tom na Fazenda: um tratado dramatúrgico sobre o poder e suas contradições
Trata-se de obra coletiva, um teatro fundante, de valor artístico-social que coloca o ator-atriz como elemento “ninfa” a rememorar o ser humano dos valores fundantes da dimensão humana.

por Leonardo Talarico
O espetáculo Tom na Fazenda possui valores em diversos espectros. A começar, todos os saberes atrelados a obra possuem unidade. Os operadores teatrais realizam (e muito bem) a mesma peça.
Tom na Fazenda alcança seu público tanto na esteira do esclarecimento fático quanto simbólico. O trabalho físico-antropológico desliza a harmonia e entrega muito valor.
Encenada no Canadá em 2011, Montreal, a dramaturgia repercute entre diversas gerações e culturas identificadas com o modus operandi das famílias mantenedoras do status quo.
Bouchard escreve um verdadeiro tratado em forma dramatúrgica (de valor social) sobre a estrutura dominante. A direção tem destaque (inclusive) na aplicação cênica minimalista, deixando as relevantes contradições pessoais das histórias em destaque.
As personagens, muito bem construídas, são expostas ao público de forma horizontal e caminham para os seus destinos. O cenário e o desenho de luz entrelaçam-se com o objetivo de intensificar o elemento “dramático”. No mesmo diapasão, o figurino, trilha sonora, direção de movimento e demais funções impulsionam a obra para o excelente patamar já devidamente reconhecido pelo público.
Trata-se de obra coletiva, um teatro fundante, de valor artístico-social que coloca o ator-atriz como elemento “ninfa” a rememorar o ser humano dos valores fundantes da dimensão humana.