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Teatro

Os premiados do Cabeça de Chinchila 2025 celebram a arte, o humor e a resistência da cena teatral curitibana

Entre troféus inusitados, aplausos sinceros e gargalhadas coletivas, o Prêmio Cabeça de Chinchila 2025 transformou a noite em uma celebração do fazer artístico e da força da cultura curitibana.

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Em mais uma edição marcada pelo humor ácido, pelos trocadilhos geniais e pela valorização de quem faz o teatro acontecer, o Prêmio Cabeça de Chinchila anunciou os vencedores de 2025. A cerimônia, que já se tornou um dos eventos mais aguardados da cena teatral curitibana, reuniu artistas, técnicos, produtores e comunicadores em uma grande celebração à criatividade e à resistência cultural.

Nesta edição, também foi instituída a Lei André Daniel, uma nova e bem-humorada regra que reforça o espírito presencial do prêmio: caso a pessoa vencedora não estivesse presente, mesmo enviando um representante o troféu seria sumariamente destruído. A medida, claro, arrancou risadas da plateia e se tornou um dos momentos mais comentados da noite.

Entre os premiados, Nathan Gabriel e Alefer Soares receberam o Troféu Meu Pinbim na Sua Vara de Melhor Iluminação pelo espetáculo Mestiço – Traços da Resistência, destacando o uso simbólico e poético das luzes em uma narrativa sobre identidade e ancestralidade.

Troféu Tok&Stok de Melhor Paisagismo e Ambientes Planejados ficou com Guenia Lemos, por The Mango Tree, espetáculo que encantou pela estética e pela atmosfera visual cuidadosamente construída.

Na categoria Melhor Sonoplastia, o irreverente Troféu Edith de Camargo e Luciano (Acima de 90 Decibéis) foi entregue a Luciano Sangreman, Anderson Pressendo e Yuri Campagnaro, por Aos Companheiros de Estrada, destacando o trabalho sonoro que dialoga com a dramaturgia e o ambiente cênico.

Padaria América levou o Troféu Por Favor, Nos Apoie Nem Que Seja Por Dó, reconhecendo empresas que acreditam e investem na cultura local.

Troféu Troquei a Terapia por um Solo premiou Memórias duma Baobá, solo potente de Isabel Oliveira, e o sempre espirituoso Troféu Ressuscitou no Terceiro Sinal foi para ninguém menos que William Shakespeare, pelas montagens Sozinho com Romeu e Julieta e Macbeth 333, reimaginadas sob nova luz e, quem sabe, um toque de inteligência artificial.

Na área de formação, o Curso Técnico em Teatro do Colégio Estadual do Paraná recebeu o Troféu Quando a Educação Não Rende Cachê, celebrando o papel das escolas na formação de novas gerações de artistas.

Troféu Ponto em Cruz Amabilis de Jesus de Melhor Figurino foi dividido entre Stéfani Belo (Circo Zika) e Cris Rosa (Pianinho), reconhecendo o cuidado estético e a expressividade dos figurinos em cena.

Já o Troféu Peça Hermética Que Ninguém Entendeu Nada Porque Não Tinha Referência ficou com o perfodrama Choque, assinado por Carmen Jorge, Elke Siedler, Fernando de Proença e Juliana Adur, enquanto o Troféu Maria da Graxa, Xôxa e MenegHELP! homenageou a Equipe Prestativa da Caixa Cultural Curitiba, pela excelência técnica e por resolver os famosos “B.O.s” de bastidores.

Entre as menções especiais, o Troféu Especial Artista que Foi pro Rio de Janeiro Vender Sua Arte na Praia foi para Fer Fuchs, e o Troféu de Melhor Produção de Evento Cultural Mesmo Sem Condiçõe$ reconheceu o trabalho do Slam das Gurias Itinerante.

Na categoria Melhor Comunicação Cultural Cronicamente Online, o Troféu Caiu nas Graças do Algoritmo foi dividido entre Vanessa Ricardo, do Jornal À Cena, e Gabi Coutinho e Maduh Cavalli, do No Teatro Curitiba, por manterem viva e pulsante a divulgação da arte nas redes.

Outros momentos de destaque incluíram o Troféu Muito Bonito, Mas Quem Vai Limpar Essa Desgraça?, entregue à A Maldição dos 27 Anos da Vigor Mortis; o Troféu Pega Fogo Cabaré para Moulin Drag, de Juana Profunda; e o Troféu Pra que Shell Oscar Se Eu Tenho um Chinchila? de Melhor Atuação Emocionada, concedido a todo o elenco de Multidão.

Carlos Canarin e Walkíria Présa levaram o Troféu Sister Hong Versus Pastor Calcinha por Quinquilharias, e Carol Mascarenhas conquistou o Troféu Melhor Brilhar na Coadjuvância do que Patinar no Protagonismo, por Daqui Ninguém Sai.

Encerrando a noite, o Troféu Que Buraco é Esse Em Que a Gente se Enfiou? de Melhor Espetáculo foi para Querida Serpente, da Alameda Cia. Teatral, consagrando uma obra que marcou o público pela intensidade e pela inventividade cênica.

A cerimônia também trouxe momentos de crítica e afeto. A Menção Horrorosa Paulo Biscaia foi “entregue” a Secretaria de Educação do Paraná, em tom de protesto, que suspendeu as matriculas do curso de teatro do Colégio Estadual do Paraná, enquanto a Menção Honrosa destacou Cleusy Ferreira, pela escuta ativa e pela valorização dos artistas dentro da Fundação Cultural de Curitiba.

A noite também foi marcada por uma emocionante homenagem ao artista Simon Magalhães, que nos deixou em julho deste ano. Reconhecido por seu talento multifacetado e por sua presença vibrante na cena cultural curitibana, Simon foi lembrado com carinho por amigos e colegas de palco. A homenagem reuniu artistas que apresentaram composições, textos e cenas de sua autoria, incluindo trechos do cabaré “Talento e Ternura”, criado coletivamente. O momento foi um tributo à sua arte, à sua sensibilidade e à generosidade com que sempre compartilhou seu talento com o público e com a classe artística.

Prêmio Cabeça de Chinchila é uma iniciativa que acontece no encerramento da Mostra Claudete Pereira Jorge e surgiu como um contraponto bem-humorado ao tradicional Prêmio Gralha Azul. Unindo crítica, irreverência e afeto, o evento já se tornou um dos momentos mais aguardados pela classe artística curitibana, celebrando o teatro com inteligência, sarcasmo e muito riso. Mais do que um prêmio, o Cabeça de Chinchila reafirma o espírito da cena curitibana: criativa, combativa e bem-humorada, capaz de rir de si mesma enquanto resiste e cria.

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