Mostra Plastic Doll traz ao Festival de Curitiba, Arte, Gênero e Desconstrução

De 27 de março a 5 de abril, a Casa Quatro Ventos, em Curitiba, recebe a Mostra Plastic Doll, uma ação artística interdisciplinar que mescla teatro, artes visuais, performance e ações formativas como parte da programação da 33ª edição do Festival de Curitiba. A mostra investiga a violência doméstica e de gênero como temática central e usa como metáfora a boneca Barbie para fazer questionamentos sociais e políticos. 

Viabilizada com recursos financeiros da Universidade de Indiana, dos Estados Unidos, a iniciativa é uma realização da ONG Babel Theater Project, dirigida pela brasileira Ana Carneiro, coordenadora do curso de Dramaturgia da universidade e também, autora e diretora do texto do projeto.

“A ideia é transformar o espaço em uma casa de boneca às avessas, onde nada é perfeito e a Barbie funciona como uma máscara corroída que evidencia os abusos da cultura ocidental”, afirma Ana. 

O local escolhido, a Casa Quatro Ventos, será o plano de fundo para a peça e todas as ações do projeto. Com uma programação inteiramente gratuita, a ideia é propor a reflexão crítica sobre os corpos plásticos das bonecas, explorando também temas como raça, ecofeminismo e estruturas opressivas.  

Desconstruindo Estruturas 

Serão diversas atividades entrelaçadas no mesmo conceito: uma peça teatral site-specific, – termo que se refere a performance elaborada para um local específico, – neste caso, a Quatro Ventos; uma exposição fotográfica, que também se transforma em cenário da peça; três oficinas, duas performances e um bate-papo. 

Para Carneiro, a ideia é realizar um teatro expandido, onde o público possa ter contato não apenas com um espetáculo, mas com uma gama de atividades e outras linguagens artísticas. Em sua visão, “o projeto busca desconstruir conceitos binários e lógicas extrativistas, promovendo a inclusão e a diversidade”, afirma. 

As ações permitem ainda ativar o que Carneiro chama de “corpo político da cidade”, engajando o público em reflexões, além de questionar os lugares de privilégio ocupados pelo teatro tradicional. Nesse contexto, “as oficinas têm grande importância porque engajam os participantes num processo de desnudamento das próprias estruturas, para então, imaginar coletivamente ações libertárias na cidade de Curitiba”, reitera a dramaturga.

Diversidade e Colaborações Internacionais

A equipe da mostra é majoritariamente composta por mulheres, pessoas trans e não-binárias, e inclui uma atriz surda, reforçando o compromisso da Babel Theater Project com a diversidade e as políticas afirmativas de gênero. 

Outra prática da organização é o intercâmbio com diferentes países e, além do Brasil, a aposta para o Fringe 2025 é na colaboração com a diretora Laura Fernández, professora da Universidad Nacional de las Artes, da Argentina, que assina a co-direção da peça Plastic Doll. “Me entusiasma fazer parte do Festival de Curitiba, porque em Buenos Aires também vemos os festivais como espaços de potência dramática”, afirma Laura. “É interessante pensarmos a lógica latino-americana, mas com essa diferença na língua, que é desafiador e ao mesmo tempo atrativo”, afirma Laura

Além de contar com atores e pesquisadores com forte atuação em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, a mostra convidou artistas locais da performance e vídeo mapping para dialogarem com os temas evidenciados. 

Para fortalecer o evento, a Babel estabeleceu parcerias com a produtora local Arte Logo Ali e com o projeto de extensão da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Máquina de A(r)tivismos em Direitos Humanos. “Desde 2023 trabalhamos na concepção da Mostra Plastic Doll e fizemos contatos que nos permitiram executar o projeto no Festival e firmar Curitiba como polo da Babel no Brasil”, afirma Talita Braga, produtora e co-idealizadora da mostra. 

Serviço:

Mostra Plastic Doll

Local: Casa Quatro Ventos – Rua da Paz, 51, Centro, Curitiba

Data: 27/03 a 05/04/2025

Programação gratuita (oficinas com inscrição prévia)

Mais informações: https://www.instagram.com/babeltheaterproject/