Teatro
Carolina Damião interpreta solo potente sobre maternidade no Festival Novos Olhares, em Curitiba
Artista de Maringá apresenta uma adaptação do espetáculo “Não me chame de mãe” no dia 5 de outubro, trazendo à cena os silêncios, urgências e sobrecargas da experiência materna vivida por milhões de mulheres no Brasil.

A atriz, escritora e produtora Carolina Damião, de Maringá, apresenta uma adaptação do monólogo “Não me chame de mãe”, no dia 5 de outubro, durante a primeira edição do Festival Novos Olhares, que acontece entre os dias 3 e 12 de outubro no Teatro José Maria Santos, em Curitiba. . O espetáculo, que estreou em 2024 em Maringá, pelo Prêmio Aniceto Matti, é uma co-criação de Damião com a multiartista Luciana Navarro, e entrará em circulação em 2026 pela Lei Aldir Blanc. Para a Mostra Novos Olhares Carolina preparou uma adaptação da obra, onde “vivo a experiência de me autodirigir para esta montagem adaptada, de encontrar outras nuances da personagem, do ritmo, dos objetos cênicos, da dramaturgia, um exercício desafiador”, comenta a artista.
Nas cenas interpretada por Carolina Damião, acompanhamos uma tentativa de respiro da personagem-título: Elisa, uma mãe solo que busca reaprender a descansar enquanto o pai de sua filha cumpre, pela primeira vez, o horário de convivência estabelecido com a criança. Com pouco tempo livre, Elisa se depara com um universo de escolhas represadas: descansar, resolver pendências, cuidar de si. A cena mergulha com sensibilidade e tensão nas urgências, frustrações e sobrecargas da maternidade, expondo o apagamento social que recai sobre tantas mulheres em situação semelhante.
A participação de Carolina no Festival reforça a proposta do Novos Olhares de abrir espaço para artistas que exploram temáticas urgentes com profundidade e potência cênica. A curadoria do festival – composta por Eduardo Ramos, Mayra Fernandes e Luis Melo – escolheu cenas que dialogam com questões de raça, gênero, território e linguagem, valorizando vozes que ainda buscam visibilidade no circuito profissional. “Quando meu filho nasceu eu pensei que não voltaria mais aos palcos, retornar à Curitiba, onde iniciei minha carreira teatral, para me apresentar interpretando uma mãe solo me emociona”, conta a atriz.
Formada em Artes Cênicas pela Faculdade de Artes do Paraná em 2011, Carolina atua há mais de uma década no teatro e na produção cultural. Desde 2020, sua vivência como mãe solo do pequeno Miguel passou a orientar também sua criação artística e literária. Em suas redes e nos palcos, dedica-se à desromantização da maternidade, abordando com contundência temas como a culpabilização materna, a invisibilização das tarefas de cuidado e a ausência de corresponsabilidade da sociedade na criação de crianças. É autora do livro Manual de Sobrevivência na Maternidade, publicado pela Editora Urutau.
Com entrada gratuita, o Festival Novos Olhares oferece tradução em Libras em todas as apresentações e audiodescrição nos dias 4 e 11 de outubro. A cena “Não me chame de mãe” será apresentada no domingo, dia 5 de outubro, às 18h, junto a outras três cenas da programação.
Serviço: Festival Novos Olhares