Cinema
4ª Mostra de Cinema Israelense apresenta filmes inéditos e gratuitos no Sesc Digital
Programação reúne produções contemporâneas que exploram o cotidiano e os dilemas da sociedade israelense
Começa nesta segunda-feira (10) a 4ª Mostra de Cinema Israelense, que chega ao público em formato online e gratuito, pela plataforma Sesc Digital. A programação segue até o dia 19 de novembro e reúne uma seleção de filmes inéditos no Brasil, que transitam entre o romance, o drama e o suspense, explorando o cotidiano e as complexidades humanas da vida em Israel.
O evento é uma realização do Instituto Brasil-Israel (IBI), com apoio do Sesc e do Museu da Imagem e do Som (MIS)— instituição vinculada à Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo. A curadoria é assinada por Bruno Szlak.
Entre os destaques da mostra estão “The Road to Eilat”, que acompanha um pai e um filho em uma viagem de trator pelo país, enquanto tentam reconstruir a relação afetiva entre eles; “Cabaret Total”, sobre um ator em busca de reerguer a carreira; e “Real Estate”, que aborda as tensões de um casal prestes a receber o primeiro filho.
Completam a programação os filmes “Halisa”, que discute as transformações das estruturas familiares e sociais; “EID”, centrado em um jovem dividido entre o mundo interior e o destino imposto pela sociedade; e “Soda”, um drama intenso sobre uma crise moral que abala o protagonista.
O encerramento da mostra será com “Holding Liat”, documentário vencedor do Prêmio de Documentário da Berlinale 2025 e do Prêmio do Júri Ecumênico. O filme retrata o drama da família Beinin-Atzili após o sequestro de Liat, cidadã israelense-americana, durante o ataque do Hamas ao Kibutz Nir Oz em 7 de outubro de 2023. A produção também está cotada para concorrer ao Oscar 2026 na categoria de melhor documentário.
Serviço
4ª Mostra de Cinema Israelense
De 10 a 19 de novembro de 2025
Online e gratuito pelo Sesc Digital
Mais informações: institutobrasilisrael.org
PROGRAMAÇÃO 4ª MOSTRA DE CINEMA ISRAELENSE

SODA (2024) é um filme ambientado em Israel, nos anos 1950, especialmente entre 1954 e 1956. O drama acompanha Shalom Gottlieb (Lior Raz), um líder comunitário e ex-partisan judeu da Segunda GuerraMundial que hoje trabalha em uma fábrica de água com gás (soda). Sua rotina e liderança tranquila são abaladas pela chegada de Ewa (Rotem Sela), uma costureira misteriosa que vem com sua filha e desperta a atenção de Shalom. Rumores sobre um possível passado como Kapo num campo nazista desencadeiam tensão na comunidade de sobreviventes do Holocausto. Dividido entre desejo e responsabilidade, Shalom enfrenta uma crise moral profunda. Enquanto isso, sua esposa, Gita, e outros vizinhos lidam com traumas não resolvidos do passado. A direção de Erez Tadmor combina realismosocial com um delicado ritmo visual: a câmera íntima,ambientadaem um kibutz e fábricas,traz proximidade emocionalcom personagens ainda marcados por memórias dolorosas.

HALISA (2024) encontra no cotidiano uma delicadeza crua,captando com olhar atento os gestos quase imperceptíveis que revelam estruturas familiares e sociais em transformação. Sara, interpretada por Noa Koller é uma enfermeira que cuida de bebês em Haifa, anseia por seu próprio filho após anos de tratamentos de fertilidade fracassados. Quando a jovem mãe Anya chega com o bebê Eden, elas criam um vínculo, suprindo a necessidade de Sara por uma família e a de Anya por apoio.

EID (2024) tensiona o tempo, o das celebrações, das esperas, das memórias, para construir um retrato afetivoda repetição e da interrupção, das ausências que moldam as presenças. Num retrato da sociedade árabe-israelense, Eid é um trabalhador da construção civil que mora em Rahat. Seu sonho é criar um teatro. Ele descobre que seus pais, que veem a formação de uma família como um valor supremo, arranjaram um casamento para ele em um acordo,no qual ele e sua irmã se casarão com dois irmãosde outra família. Sem escolha, Eid se casa com Abir, que para ele simboliza a prisão. Ao mesmo tempo, ele escreve secretamente uma peça baseada em uma agressão sexual que sofreu quando criança por um homem da cidade. Ele também tem um caso pelo Skypecom Dounia, uma atriz de Paris, que o ajudacom seus textos.E assim, Eid viveu na divisa entre seu mundo interior e a vida destinada a ele. Ele não pode deixar seu ambiente de vida, mas luta por sua liberdade dentro dos limites que lhe são impostos.

THE ROAD TO EILAT (2022) se aproxima de uma geografia marcada pela travessia e pela promessa, embaralhando a distinção entre o épico e o íntimo, o coletivo e o solitário, num típico road movie de resgate da relação de pai com filho. Albert, um veterano de guerra idoso faz uma aposta: dirigirá seu trator surrado (velocidade máxima: 35 km/h… ladeira abaixo) por toda a extensão de Israel até Eilat — em uma semana. Ben, seu filho rabugento e desempregado, é obrigadoa acompanhá-lo. A jornada divertida e agridoce em busca do perdão e da compreensão os leva em uma viagem de trator por regiões esquecidas de Israel, conhecendo outras pessoas que também lutam por uma vida melhor.

Em REAL ESTATE (2023), Tamara e Adam formam um casal intenso e instável, que estão prestes a se tornar pais, e suas vidas estão um caos. Pouco antes de serem despejados de seu apartamento em Tel Aviv,Tamara decide procurar um novo lar na cidade natal de Adam, Haifa. Ao longo de um dia inesquecível em busca de um apartamento, a jornada por uma casa transforma-se em uma viagem ao coraçãode sua relação apaixonada, e ao mesmo tempo impossível.

Em CABARET TOTAL (2024), Assi, um ator fracassado, retornapara casa e para sua família após concluir o serviço militar de reserva durante a guerra. Embora sonhe em se tornar um artista de sucesso, a realidade o coloca dando aulas de teatro na escola local e apresentando um show de cabaré todas as noites no centro comunitário. Um acontecimento inesperado o leva repentinamente aos holofotes — mas não pelos motivos que ele esperava. Assi se vê forçado a escolher entre abandonar seus sonhos ou persegui-los com todas as forças.

*O documentário HOLDING LIAT (2025), narra com sensibilidade o drama vivido pela família Beinin‑Atzili após a sequestro de Liat, cidadã israelense-americana, durante o ataque da Hamas ao Kibutz Nir Oz em 7 de outubro de 2023. O filme ganhou o Prêmio de Documentário da Berlinale 2025 e o Prêmio do Júri Ecumênico, abrindo caminho para sua elegibilidade ao Oscar na categoria melhor documentário. Holding Liat ocupa um lugar significativo na memória visual contemporânea ao transformar uma tragédia pessoal em reflexão política. Ele questiona dualidades simplistas entre vítima e agressor, patrocinando uma narrativa acolhedora e complexa da experiência humana em meio a conflitos. O filme convidao público a refletir sobreempatia, ativismo individual e os limites do diálogo, especialmente em tempos de polarização.

