Música
5 músicas com baterias simples e geniais, segundo Ivan Rodrigues
O quase onipresente Ivan Rodrigues – um operário da música – como ele se autointitula por aí, listou cinco canções com linhas de bateria simples, inusitadas e brilhantes.

Por Maria Eduarda Schwab
Depois de uma primeira rodada com Fabio Elias, da Relespública [leia a lista dele aqui], agora o Jornal A Cena convida outro músico para fazer uma listinha sincera de suas referências.
O quase onipresente Ivan Rodrigues – um operário da música – como ele se autointitula por aí, listou cinco canções com linhas de bateria simples, inusitadas e brilhantes.
Ivan faz parte da turma que entende que bateria boa não é só virada muito louca e velocidade (apesar de fazer isso bem feito). Para ele, bateria é presença e sutileza. “Bateristas virtuosos, que tocam rápido e com muitas notas, estão na moda. Hoje em dia se fala muito sobre a técnica, mas pouco sobre a criatividade. Então escolhi cinco em que o set de bateria é inusitado, simples e genial”, diz.
Seja no punk rock, no rockzinho gostoso, na psicodelia instrumental ou no indie mais lo-fi, Ivan tem a bonita habilidade de se adaptar sem perder a personalidade.
Com vocês: Ivan Rodrigues e as 5 músicas com baterias simples e brilhantes:
5- Blister in the Sun – Violent Femmes
Em quinto lugar: Violent Femmes. Tente ouvir o bumbo dessa música…. Só tente. Porque não tem bumbo na gravação. Poucas pessoas conseguem reconhecer isso e o mais legal é que essa escolha deixa o baixo muito mais evidente e cria uma sonoridade única. Por isso, fica muito difícil tocar igual à bateria de Victor DeLorenzo, já que estamos acostumados a fazer os graves com a perna direita.
4- Street Fighting Man – The Rolling Stones
Em quarto lugar, Charlie Watts. Quem for tocar essa música na bateria convencional e quiser soar igual à gravação original, vai descobrir que isso é praticamente impossível, já que eles gravaram com uma bateria de brinquedo da época e um gravador amador.
Esta foto é uma réplica do que eles usaram.
O resultado, assinado por Charlie Watts, é uma sonoridade tão própria e difícil de reproduzir ao vivo que os Stones fazem uma versão completamente diferente nos shows, quando eles vão tocar.
3 – Sweet Jane – Velvet Underground
O estilo da baterista Maureen “Moe” Tucker é único: ela deitava o bumbo e tocava como se fosse um surdo, com uma baqueta de ponta arredondada. O som então era levado por muito bumbo e caixa, “fugindo” dos pratos, o que acrescentava muito em grave. Isso deixou o som do Velvet muito característico, firme e pesado.
Agora uma curiosidade que poucos sabem: Moe Trucker não participou das gravações dessa música. Ela estava grávida e impossibilitada de tocar. Apesar de todo set ser dela, a bateria foi executada pelo baixista Doug Yule.
2- La-La-La-Lies – The Who
E, em segundo lugar… para começar, Keith Moon desliga a esteira da caixa da bateria, o que faz com que esta se transforme em um tambor, com um som parecido ao de um balde. Isso é muito pouco utilizado em gravações, e ele faz isso se tornar característica da música.
Outra característica interessante dessa bateria é o fato dele pegar uma virada de caixa sem esteira e com surdo e transformar essa virada em looping como uma batida completa – ele fica o tempo todo fazendo a mesma virada. É simples e genial.
1- Come Together – The Beatles
Em primeiro lugar, obviamente, tem que ser o “Ringão”. Eu poderia escolher muitas músicas para encabeçar a lista, mas decidi por esta pela forma emblemática e inusitada dele ao transformar uma virada numa característica contínua na bateria.
E pra tocar igual… igual, não… pelo menos parecido (risos) com Ringo Starr, você deve pensar como um baterista canhoto tocando numa bateria de destro. Então, quase todas as viradas, incluindo essa, começam com a mão esquerda. E aí entra a genialidade de criar uma bateria tão simples e tão marcante. É o tipo de coisa que você não aprende – é possível estudar a vida toda e não conseguir chegar à genialidade de compor algo assim.